Já é quase meio-dia, o termómetro há muito que ultrapassa os 30 graus e Daniel Alves continua junto à banca no “coração” de Castro Verde. Alfaces, tomates, cebolas, alho-francês, cenouras e óregãos mais à esquerda, melancias, meloas, uvas, pêssegos, nectarinas e outras frutas à direita. Os clientes continuam a passar e uma senhora acaba mesmo por levar umas laranjas, talvez para a sobremesa após o almoço.
“Estamos a vender bem”, confessa timidamente o jovem de 22 anos, que divide o dia entre a mina de Neves-Corvo, onde trabalha, e a horta do Monte dos Negreiros, onde ajuda o pai e o avô.
Daniel Alves é um dos vários produtores que participa, desde o início de Julho, no “Mercadinho na Praça”, uma iniciativa da Câmara Municipal de Casto Verde para divulgar e promover o que de melhor se produz no concelho e arredores. Nesse sentido, em todos os primeiros sábados de cada mês há mercadinho na Praça da República, sendo que nos terceiros sábados será a vez do anfiteatro do Mercado Municipal receber a iniciativa.
“Isto chega tarde, já devia acontecer há mais tempo”, nota Daniel Alves. “Muita gente não está habituada, mas acredito que isto vai resultar. E é bom que as pessoas possam comprar produtos que são de cá”, acrescenta o jovem produtor.
Na banca ao lado, refrescando-se como pode, está Henrique Chaveiro, 62 anos, que produz mel e outros derivados, além de também vender peças de artesanato feitas por si e velharias. Vem ao “mercadinho” desde a primeira edição e está satisfeito.
“No geral tem sido bom”, diz ao “CA”, admitindo que “as pessoas agora têm de se ir habituando” à ideia de haver este “mercadinho” duas vezes ao mês. “Mas as pessoas procuram sempre estes produtos locais”, sublinha Henrique Chaveiro, deixando a garantia que vai continuar a marcar presença na iniciativa.
“É uma iniciativa muito boa, que ajuda os pequenos produtores”, acrescenta Sofia Lopes, produtora de frutas e legumes que participou pela primeira vez no mercadinho juntamente com o marido, António Aniceto.
O “Mercadinho na Praça” é uma das mais recentes apostas da Câmara de Castro Verde, que pretende desta forma “promover o artesanato, os produtos agrícolas e algumas actividades económicas que valorizam de certa maneira os costumes do concelho”.
“O ‘mercadinho’ proporciona aos nossos munícipes a possibilidade de conhecerem e usufruírem de produtos com qualidade e artesanais que não encontram numa grande superfície, potenciando os nossos saberes e sabores da nossa região”, acrescenta a vereadora Alda Mestre, que acrescenta: “Esta valorização dos produtos é um estímulo à economia local e até abre novas oportunidades de mercado, factores essenciais para a coesão social e territorial”.
De acordo com a vereadora castrense, o projecto “tem vindo a ter maior adesão por parte dos produtores”, que “têm manifestado contentamento com o envolvimento da população”. Além do mais, continua, “a manhã de sábado traz um novo colorido à vila, a população tem aderido e comentado o seu agrado à iniciativa”.
Por tudo isto, Alda Mestre afiança que o projecto é para ser consolidado… e crescer. “É nossa aposta aumentar o número de produtores e diversidade na oferta”, conclui.
