A Santa Casa da Misericórdia de Entradas (SCME), fundada em 1530, vive um tempo de renovação, com a entrada em funções, desde o passado dia 4 de novembro, dos novos órgãos sociais, liderados por Fernando Brito Palma, que sucedeu no cargo ao falecido Carlos Fernando Contreiras.
“Perante a possibilidade de extinção da SCME, a minha motivação inicial foi a de participar ativamente na sua reestruturação e integrar a renovada irmandade”, reconhece ao “CA” o novo provedor, de 77 anos, admitindo que a instituição entra agora num novo ciclo, com a entrada de cerca de meia centena de novos irmãos.
“Se bem interpreto esta recetividade, direi que os entradenses disseram, inequivocamente, que querem a sua SCME viva e ativa. Sinto que nos órgãos sociais todos estão atentos a esta clara manifestação de vontade e empenhados em corresponder”, frisa.
Para este mandato, novo provedor da SCME revela que “mais do que metas”, foram traçadas “fases” a atingir.
“Neste momento estamos a tentar dar visibilidade à SCME, abrindo a sede, mobilando-a e equipando-a, com o generoso auxílio da Câmara de Castro Verde, criando contactos telefónicos e eletrónicos, e em breve um sítio na Internet”, explica.
A par de tudo isto, continua, “iremos de imediato considerar a restauração do património, uma das nossas grandes preocupações”.
É neste âmbito que surge, como prioridade, a requalificação da Igreja da Misericórdia, classificada como imóvel de interesse público e o monumento mais antigo da vila. “Teremos de procurar auxílio junto de entidades vocacionadas para o efeito. Neste aspeto, tivemos recentemente uma promissora notícia, pois a Câmara de Castro Verde sinalizou a requalificação das igrejas Matriz e da Misericórdia de Entradas ao programa Alentejo 2030 e iremos agora ver com a autarquia o que fazer para que esta oportunidade se concretize”, diz Fernando Brito Palma.
O provedor adianta igualmente que a SCME poderá ainda vir a reabilitar uma pequena habitação de que dispõe. E admite a possibilidade de se “restaurar, em devido tempo, algumas alfaias religiosas, mas sempre procurando a ajuda e aconselhamento da Direção Geral do Património Cultural”.
Apesar da conservação do património ser “importante e obrigatória”, o provedor da SCME reconhece que esta, “só por si, não justifica a existência” da instituição.
“Portanto, a criação de novas valências tem obrigatoriamente de estar nas preocupações da SCME […] e temos de identificar as fragilidades sociais na nossa comunidade, à luz duma leitura moderna e criativa das obras de Misericórdia, para depois as poder atalhar ou pelo menos minorar”, conclui Fernando Brito Palma.