As sopas de sarapatel, prato feito à base de sangue de borrego, despertam nos consumidores uma relação de “amor e ódio”, mas “reinam” nas mesas da zona de Castelo de Vide durante esta época da Páscoa.
Trata-se de um prato típico, de origem judaica, também confeccionado noutras zonas do Alentejo com o sangue de cabrito, que tem no pão alentejano um “aliado de peso” e nas ervas aromáticas o “segredo” para o sucesso que faz à mesa.
Luís Mergulhão, proprietário de um restaurante em Castelo de Vide, no Alto Alentejo, diz ser "um prato que se vende muitíssimo e que as pessoas procuram muito nesta altura do ano”.
“Este prato tem origem judaica, era feito em Goa com carne de porco, mas aqui, em Castelo de Vide, os cristãos novos, no século XVI, começaram a fazer o sarapatel com o sangue de borrego para serem bem aceites e não terem problemas inquisitoriais”, explicou à Agência Lusa.
Depois de "descobrirem" o sarapatel nas ementas dos restaurantes durante a época pascal, a um preço considerado “acessível”, os visitantes questionam os profissionais da hotelaria sobre a origem e confecção do prato, despertando reacções diversas.
“As pessoas perguntam quando vêem na ementa, interessam-se, pois não conhecem e querem saber como se faz e algumas pessoas não têm coragem para o comer. Os que comem gostam, mas há uma pequena percentagem que não quer comer”, relatou.
Saboreadas por visitantes de “todo o mundo”, as sopas de sarapatel são confeccionadas com o sangue cozido de borrego, que, depois, é envolvido num refogado onde as ervas aromáticas têm um papel “importante”, terminando a sua confecção com a junção de água a ferver.
Já à mesa, juntam-se no prato fatias finas de pão alentejano com “dois ou três dias”, dando-lhe, desta forma, espessura e um sabor “único”.
“A parte de migar a carne leva muito tempo, mas é um prato fácil de cozinhar”, explicou a cozinheira do restaurante D. Pedro V, Deolinda da Paz.
Segundo a cozinheira, que já confecciona sopas de sarapatel "há mais de vinte anos" e que "esconde" a "sete chaves" o segredo deste prato, as sopas de sarapatel levam a preparar, até chegar à mesa, "pouco mais de uma hora".
Eduardo Ribeiro, cliente do mesmo restaurante e “adepto” de sopas de sarapatel, confessou à Lusa que o “sabor e a consistência” do prato é o que mais aprecia, mas reconheceu que não é uma iguaria fácil de agradar a todos os gostos.
“O que aprecio mais é o sabor e a consistência, por isso é um prato que nem toda a gente aprecia, porque é feito com sangue, com as vísceras”, disse.
Este “amante” das sopas de sarapatel tem o “prazer e o privilégio” de saborear a iguaria durante todo o ano, mas, na época da Páscoa é, em sua opinião, o “prato de eleição”.
Na quadra pascal, a Câmara de Castelo de Vide está a promover uma quinzena gastronómica dedicada às sopas de sarapatel, iniciativa de promoção turística que reúne 18 restaurantes do concelho.
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