Ricardo Cardoso. Fundo de apoio “é fundamental para o tecido económico de Odemira”

Em entrevista ao “CA”, o vice-presidente da Câmara de Odemira, Ricardo Cardoso, explica as razões que levaram a autarquia do Litoral Alentejano a disponibilizar o montante de 300 mil euros para o fundo de emergência municipal “Odemira Empreende +”, destinado a apoiar as empresas e empresários do concelho no atual período de pandemia.

Porquê a criação do fundo de emergência municipal “Odemira Empreende +” nesta altura?
Sentimos que, neste momento, o município tem de estar atento à situação vivida e tentar antecipar de alguma maneira problemas maiores. Por isso, e tal como em 2020, decidimos agora em 2021 apoiar a atividade económica, os nossos empresários e o nosso pequeno comércio, de maneira a poderem, nesta fase de desconfinamento, encarar este novo período de uma forma mais positiva. É um apoio que vem na linha do que foi feito em 2020, obviamente com alguns aperfeiçoamentos, tendo em conta que desta vez também há mais modelos comparativos. Em 2020 avançámos sem haver muitos municípios com este tipo de apoios, mas agora é diferente. Temos também a experiência de como correu em 2020 e, portanto, estamos confiantes que este apoio é fundamental para o tecido económico do concelho de Odemira.


Consegue quantificar o “impacto” da pandemia no tecido económico do concelho de Odemira?
Não é fácil chegar a números, mas vamos falando com as pessoas e temos um conjunto de contactos junto dos empresários em que é possível aferir uma situação que tende a ser pior à medida que o tempo vai passando. No pequeno comércio sente-se muito esta situação, ainda que se tenha conseguido – de alguma maneira – funcionar com normalidade em períodos importantes, designadamente no Natal. Na área do turismo há algum otimismo, no sentido de que se aproxima a época de maior atração de visitantes, que começa na Primavera e cresce na altura das férias de Verão. Mas para que isso aconteça temos todos de continuar a fazer a nossa parte, para que esta pandemia não cresça. Os nossos alojamentos são pequenas unidades e perspetiva-se que haja uma procura grande, tal como aconteceu em 2020.


Pode dizer-se que o setor do turismo em Odemira acabou por não ser tão penalizado pela pandemia como noutros pontos do país?

Diria que sim. A nossa dependência do turismo externo é menor que noutras zonas do país. E mesmo alguma dependência que existisse – por via da Rota Vicentina – tem sido de alguma maneira colmatada com o “virar” para o turista nacional. Diria que, até pela conversa no encontro digital que promovemos com os empresários do turismo [no dia 11 de março], que os nossos empresários pertencem ao clube dos otimistas e isso é bom.


Existe, portanto, esperança numa retoma dentro em breve na área do turismo?

Há claramente essa esperança – e também trabalho – para que isso seja possível. Obviamente que alguns empresários tiveram de redirecionar os seus canais de comunicação mais numa perspetiva interna, que é neste momento uma perspetiva mais segura. E aquilo que sentimos é que, efetivamente, os nossos empresários estão cada vez mais capacitados e qualificados para poderem encontrar soluções, mesmo em períodos difíceis como aquele que estamos a viver.

“Sentimos que, neste momento, o município tem de estar atento à situação vivida e tentar antecipar de alguma maneira problemas maiores.”


Voltando ao fundo “Odemira Empreende +”, tem a Câmara de Odemira outras medidas de apoio à economia em preparação?

Sem dúvida! Tivemos oportunidade de apresentar um conjunto de 30 medidas [de apoio] que pretendem responder às questões das empresas, mas também das famílias e das próprias instituições. Mas desse ponto de vista das empresas, temos um conjunto alargado de medidas, 12 no total, que esperamos que, no seu conjunto, possam resolver muitos dos problemas que existem neste momento.


Destaca alguma dessas medidas, além deste fundo?

Destacaria dois apoios financeiros que vamos lançar muito em breve, sendo que neste momento já temos a sua regulamentação praticamente pronta. Um é o apoio financeiro à instalação e adaptação de esplanadas, pois sabemos que este desconfinamento vai privilegiar os espaços ao ar livre. Por isso é importante dotar os empresários de condições para oferecer aos seus clientes e, desse ponto de vista, vamos criar esta linha de apoio financeiro. Por outro lado, e mais direcionado para o comércio tradicional e para a transformação de produtos, vamos ter um apoio financeiro à criação de lojas online. Além do protocolo já assinado com os CTT, vamos disponibilizar também um apoio [financeiro], no sentido de os empresários poderem criar uma resposta a esta pandemia. Até porque os hábitos de consumo estão a alterar-se e muita gente, neste momento, está a recorrer às lojas online.


Sente que as autarquias, como é o caso da Câmara de Odemira, têm sido decisivas e exemplares na resposta ao impacto da pandemia?

Sei que nos temos esforçado muito e corroboro dessa ideia que as autarquias têm sido muito importantes na resposta à pandemia. Obviamente que o Governo tem feito esse esforço, mas acho que as autarquias – do ponto de vista da complementaridade e da ação na “linha da frente” – têm de facto mostrado a importância do Poder Local. E junto às câmaras municipais as próprias juntas de freguesia, que à sua dimensão também têm sido absolutamente fundamentais nesta resposta às famílias, às instituições e às empresas.

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Correio Alentejo

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