Depois de duas décadas ligado ao hóquei em patins do clube, Paulo Guisado assumiu em junho a presidência do Mineiro Aljustrelense e em entrevista ao “CA” revela que um dos objetivos da sua equipa passa por devolver a “mística” ao emblema tricolor.
O que o levou a avançar para a presidência do Mineiro Aljustrelense?
Já disse várias vezes que não fazia parte dos meus planos – pelo menos nesta altura – ser presidente do clube… O que me fez avançar foi o incentivo dos meus amigos e a falta de pessoal para trabalhar no clube, que é cada vez mais complicado. Aqui gasta-se muito tempo, há muitas burocracias e não é fácil… Mas vi passarem-se quatro e cinco assembleias gerais sem ninguém avançar. Uma grande parte de pessoas próximas incentivaram-me, a minha família também me apoiou e resolvi aceitar este desafio.
Para evitar que o clube caísse num vazio diretivo após a renúncia dos anteriores corpos sociais…
Penso que isso não iria acontecer, pois mais cedo ou mais tarde iria aparecer alguém. Como toda a gente sabe, o Mineiro é um grande clube da nossa região e iria sempre aparecer alguém. Até espero que dentro de dois anos não sejam precisas tantas assembleias [gerais para eleger uma direção] e que seja tudo mais rápido, pois é melhor para preparar equipas e tudo o resto.
Quais são as prioridades estabelecidas pela nova direção?
Queremos manter o que está bem feito, sobretudo no futebol juvenil, onde temos todos os escalões. Queremos renovar o hóquei em patins, que tem estado mais em baixo. Na patinagem artística está tudo controlado pela Julieta [Joseph]. Também estamos a pensar em ter uma nova modalidade, que é o voleibol feminino. E temos ainda o motocross, que é uma modalidade recente no clube. No futebol sénior, a que normalmente todos dão mais importância, vamos apostar mais nos miúdos da terra, para voltarmos a ter a ‘mística’ apontada sempre que se fala sobre o Mineiro Aljustrelense. Já partimos um pouco tarde, mas vamos tentar fazer uma equipa à imagem da terra. O Mineiro joga sempre para ganhar, mas agora vamos com calma e criar quase uma equipa de raiz…
É equipa para lutar pelo título e subir de divisão?
Pode acontecer, nunca se sabe, mas esse não é o nosso principal objetivo. A nossa principal ambição é trabalhar bem e depois, na próxima época, já com mais tempo e começando mais cedo, veremos o que conseguimos fazer.
Falou da necessidade do Mineiro Aljustrelense recuperar a “mística”. Sente que essa “mística” se perdeu nos últimos anos?
É sempre importante ter referências da terra na equipa, porque toda a gente se dedica e trabalha, mas é normal que alguém que ‘nasceu’ no clube sinta uma mística diferente e os seus valores. Nós estamos a apostar nisso e felizmente temos uma grande equipa de direção e de trabalho, em que vamos tentar fazer o melhor possível.
O ecletismo do clube é para manter?
Sim, claro! Sempre tivemos várias modalidades e vamos continuar a ter, de certeza. Porque há miúdos que não gostam de futebol, como é óbvio! Qualquer modalidade que precise do Mineiro pode ter a certeza que estamos sempre disponíveis para ajudar.
No plano financeiro, o clube tem uma situação estável?
Sim, neste momento está minimamente estabilizada. O Mineiro Aljustrelense vive dos apoios e de muito trabalho, de muitos eventos, para podermos alcançar os nossos objetivos e chegar ao fim da época sem dívidas.
A par da componente desportiva, que outras ambições tem para o Mineiro Aljustrelense?
Já está aprovado e vamos ter o apoio da Almina e da Câmara Municipal [de Aljustrel] para termos um novo relvado sintético no campo ao lado do Estádio Municipal, que nos vai ajudar muito. Temos todos os escalões do futebol e não é fácil ter num campo só várias equipas a treinar. É pouco para tantos atletas e para tantas equipas!