O projecto CASA – Centro de Apoio à Solidão na Aldeia, distinguido com o prémio “EDP Solidária 2013”, pretende dar a mão à população idosa de Aldeia de Palheiros, no concelho de Ourique.
O projecto, dinamizado pela associação “Nossa Terra”, da Aldeia de Palheiros, no concelho de Ourique, nasceu para contrariar casos como o de Joaquim das Pereiras, ou Joaquim João como está no bilhete de identidade, sempre viveu numa pequena casa, ao longo de 82 verões e invernos. A casa, despida de luxos e até de comodidade, foi o seu lar até há dois anos. A casa de Joaquim, que já fora de seus pais, deixou de servir ao antigo sapateiro. E o sapateiro deixou de servir para morar nela.
Em 2011, Joaquim das Pereiras tomou a decisão de sair do Monte Novo da Sobreira, o monte de toda a vida, e arrendou uma pequena casa na Aldeia de Palheiros. Uma casa com mais conforto, electricidade e água potável. E integrada em comunidade, pois foi a solidão dos dias que mais contribuiu para a mudança aos 82 anos.
A estadia de Joaquim das Pereiras na aldeia foi breve, quase uma antecâmara para a decisão inevitável: dar entrada num lar em Ourique.
O caso de Joaquim é precisamente um exemplo do que o projecto da associação “Nossa Terra”, pretende contrariar.
Este é um fenómeno que, segundo a presidente da associação, Marta Afonso [na foto], acontece com frequência na Aldeia de Palheiros e nas pessoas que moram nos montes circundantes.
“A população envelhecida revela necessidade de aceder a respostas sociais, na fase prévia à institucionalização em lar, que lhe permita continuar integrada no meio familiar e social”. Algo que lhes permita tomar o fôlego necessário entre um passo e outro.
Numa primeira fase, o projecto CASA, que tem como base o edifício da antiga escola primária da Aldeia de Palheiros, cedido pela Câmara Municipal de Ourique à associação “Nossa Terra” em 2011, pretende tornar a povoação numa aldeia convívio, numa estratégia de “resposta integrada de acção social na área do envelhecimento activo e apoio a idosos”.
Tornar a proximidade física em proximidade social e, assim, contribuir para que as pessoas se sintam mais amparadas até ser completamente inevitável a saída das suas casas.
A “Nossa Terra” surgiu em 2009, tendo desenvolvido vários projectos ao longo dos últimos quatro anos.
O destaque vai para a criação de um centro comunitário, com acesso à internet e espaço literário acessível, gratuitamente, a toda a população; recuperação do parque infantil da terra, em conjunto com a autarquia e a junta de freguesia de Ourique, reconvertendo-o para parque infantil e de manutenção física, com equipamentos destinados aos mais velhos.
Maria José Lagartinho, reformada de 72 anos, considera que “haver alguém na terra que se interesse é muito bom” e a atribuição do prémio é isso mesmo: “o reconhecimento do empenho e do bom trabalho desenvolvido”.
Para esta habitante da Aldeia de Palheiros, até ao surgimento desta associação, não havia actividades “com as pessoas mais novas e com as mais velhas”.
“E, assim, têm-nos juntado”.
Apesar da distinção do projecto CASA, o contexto actual não é facilitador para a realização de projectos deste género, como refere Marta Afonso.
“Nos tempos que correm não é fácil promover este tipo de projectos, com todas as implicações financeiras que lhe estão subjacentes. Tudo isto implica um forte trabalho em parceria com diferentes entidades, o envolvimento da população local e a clara definição de objectivos e metas a desenvolver em cada período”.
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