Reeleito no passado dia 26 de novembro, com 96% dos votos dos militantes do PSD de Beja, Gonçalo Valente diz que região “tem necessidade” de ter câmaras municipais lideradas pelos sociais-democratas.
O que o fez recandidatar-se à presidência da Distrital de Beja do PSD?
Nunca escondi o enorme amor que tenho pela meu distrito e assim que me foi possível respondi positivamente ao repto do PSD, no sentido de ajudar a região naquelas que são as suas fragilidades. É justamente isso que tenho feito desde 2019, com as ativações da JSD, de várias secções da Distrital da JSD, da secção do PSD em Almodôvar, com a eleição de mais representantes nas autarquias, com a recuperação de muitos militantes que estavam afastados da participação política. Também conseguimos captar massa crítica para uma participação mais ativa no partido. Em suma, posso dizer que o que motivou a minha recandidatura foi justamente a oportunidade de dar continuidade ao trabalho que a minha equipa já conseguiu fazer e que teve expressão na percentagem dos votos que conseguimos alcançar nestas eleições, 96%.
Qual a maior prioridade para este mandato?
Unir pessoas e ideais, no sentido de conseguirmos criar condições para um maior peso politico na região já a partir de 2025. Acredito que o “caminho se faz caminhando” e também que há muito por trilhar neste distrito. Neste momento, temos muitas necessidades a assinalar e é um imperativo não deixar de lutar por elas, entre as quais destaco a necessidade de mais unidades de cuidados continuados e a falta de profissionais da área da saúde. O nosso hospital é o único hospital distrital do país que não tem um aparelho de ressonância magnética. Devemos potenciar o aeroporto de Beja e é necessário eletrificar a ferrovia. Necessitamos de uma ligação da autoestrada ao aeroporto de Beja e é também preciso capitalizar na ‘triangulação’ Porto de Sines-Alqueva-Aeroporto de Beja, que está subaproveitada. É assim um conjunto de prioridades que se complementam entre si.
Diz que quer “deixar o partido onde ele merece estar, a disputar eleições para ganhar”. Qual a sua estratégia para isso?
Primeiramente, cumpre-me sublinhar que quero disputar eleições para ganhar, inteiramente pela região, nunca o poder pelo poder. O PSD é o meio através do qual nos propomos a melhorar a vida dos baixo-alentejanos. Devemos, por isso, ter sempre presente que o partido político é a melhor ferramenta que temos ao nosso alcance para melhor servirmos as pessoas, que são o verdadeiro foco da ação política. A minha estratégia passa muito pelo profundo conhecimento das necessidades do território, pois só assim nos podemos dotar dos meios mais adequados para fazermos face aos problemas e desafios que existem atualmente no distrito, que são bastantes. Pretendo, em linha com aquela que foi sempre a minha atuação, manter uma postura transparente e séria para que as pessoas continuem a confiar em nós. Da mesma forma que acredito mais na sociologia de campo do que na narrativa de secretária, também considero que para podermos ajudar as pessoas temos que estar próximos dela. Temos que viver os seus problemas e sentir, verdadeiramente, o que sentem as pessoas.
Sente que haverá condições para o PSD voltar a ter a presidência de uma câmara municipal na região em 2025?
Claro que sim! Tenho essa certeza e também sinto que a região tem essa necessidade. E, pelo que vou diagnosticando, as pessoas têm agora, mais do que nunca, a consciência dessa carência.
Em Beja, a coligação liderada pelo PSD serve de “fiel da balança” no executivo, liderado pelo PS com o mesmo número de vereadores da CDU. Como avalia a atuação de Nuno Palma Ferro?
O vereador Nuno Palma Ferro tem desempenhado com nobreza e muita responsabilidade a função de, conforme bem disse, ‘fiel da balança’. Tem mostrado uma grande disponibilidade e um empenho próprio de quem ama a sua terra. Sem se afastar dos ideais sociais-democratas, tem conseguido dar prioridade àquilo que verdadeiramente interessa ao seu concelho – o desenvolvimento deste.
Luís Montenegro trouxe um novo entusiasmo ao partido?
Luís Montenegro tem-se revelado um líder de proximidade com as estruturas e as bases do PSD, mas, essencialmente, com os portugueses. Tem feito uma oposição acutilante, reagindo nos momentos apropriados relativamente à ação, mas também à inércia do Governo, fazendo, muitas vezes, pressão para que este tome medidas que considera imperativas para o bem do país.
Olhando para a região, qual a sua maior preocupação?
Sem dúvida e em traços gerais, a descriminação territorial! Falo do esquecimento a que somos constantemente votados pelo poder central. Por vezes sinto que o Alentejo, como um todo, faz parte de um país diferente daquele que, tantas vezes, vive apenas dos três ‘F’s’: Fátima, Futebol e Fado. E que triste fado este nosso, que sem estádios nem padroeiras, acabamos por cair, tantas e tantas vezes, no esquecimento. O êxodo rural, que tem como consequência mais direta o envelhecimento da população e o desinvestimento na região, são, em termos práticos, as minhas maiores preocupações.