Em entrevista concedida ao “CA”, o presidente da Câmara Municipal de Castro Verde reconhece que a situação financeira da autarquia “continua com muitas limitações e não é o de outros anos”.
O estado da rede de águas de Castro Verde foi sempre uma preocupação do PS. Que tipo de intervenções já foram realizadas nesta área?
Temos praticamente concluída a empreitada que permitirá reduzir as perdas através do seccionamento de toda a rede. Hoje, quando há uma rotura, quase toda a vila fica sem água. Concluída esta empreitada, isso deixará de acontecer, porque será possível balizar as diferentes zonas da rede. Entretanto, requalificámos a Rua 4 de Junho e vamos fazer profunda requalificação na Rua Morais Sarmento, como já referi. Mas em 2020 queremos ir mais longe, com um plano de intervenção que estamos a preparar e em breve anunciaremos.
Tendo a CDU chumbado a criação da empresa Águas do Baixo Alentejo, para a “baixa”, na Assembleia Municipal, de que forma conta a Câmara Municipal realizar as obras necessárias nestas infra-estruturas?
É nesse plano que estamos a trabalhar. Temos projectos preparados e algum financiamento garantido através de uma candidatura aprovada a fundos comunitários. Estou certo que no próximo ano trabalharemos bastante neste domínio, porque o estado da rede é mau e temos de dar respostas concretas. A solução da Águas do Baixo Alentejo era muito boa, mas infelizmente na CDU puseram a defesa das suas posições ideológicas à frente dos interesses da população.
Por que razão as obras na estrada para Santa Bárbara e Mina de Neves-Corvo só arrancaram agora?
Foi preciso dar muitos passos porque, infelizmente, este processo foi tratado com ligeireza e pouca responsabilidade. Na verdade, a obra já começou, mas foi preciso fazer as coisas como deve ser! Hoje temos dinheiro para a pagar e há acordos celebrados com 95% dos proprietários. O executivo anterior achava – e os actuais vereadores da CDU continuam a achar – que estes acordos não eram necessários.
A EN2 continua a degradar-se, sem que a Infra-estruturas de Portugal concretize as obras anunciadas em Janeiro de 2018. De que forma olha a autarquia para esta situação?
Com muita preocupação e já dissemos isso várias vezes ao Governo. É lamentável que a obra não tenha avançado. Não nos conformamos com isso.
Disse ter encontrado um quadro financeiro “preocupante” quando assumiu a presidência da Câmara Municipal. Qual o quadro actual?
Nestes dois anos de mandato tivemos de “devolver” cerca de um milhão e 900 mil euros de Derrama. É muito dinheiro! Creio que todos percebemos muito bem o que significa não ter esta receita e tudo o que podíamos ter feito se tivéssemos recebido esse dinheiro. Portanto, o quadro continua com muitas limitações e não é o de outros anos.
De que forma é que os “cortes” efectuados a partir de Julho de 2018 ajudaram ao reequilíbrio financeiro da autarquia?
Foi um esforço de todos que ajudou um pouco. Creio que toda a gente compreendeu a medida, mas temos de continuar a ser muito rigorosos e exigentes na área financeira.
O quadro financeiro do Município inibiu, de alguma forma, as pretensões de investimento deste executivo?
É preciso distinguir duas coisas: por um lado, o concelho tinha vários problemas graves para resolver e, por outro lado, foi penalizado com uma quebra brutal de receitas. Isso explica a nossa realidade! Obviamente que há projectos que poderiam avançar mais depressa, mas sem ovos não se fazem omeletes. Ainda assim, é bom que olhemos com atenção para o que a Câmara já fez e tem em marcha.
A situação de devolução de Derrama à Autoridade Tributária ficará totalmente regularizada em 2020?
Acredito que sim. Ainda temos de devolver cerca de 21.000 euros.