O porco alentejano é o animal “que mais eficientemente transforma os alimentos que ingere em substâncias nutritivas utilizáveis pelo Homem” e cuja produção “é sustentável” e favorece “a integridade e a rentabilidade” do território, afiança ao “CA” o investigador Rui Charneca, que apelida esta raça de “rei do montado”.
Segundo este professor do Departamento de Zootecnia e investigador do MED, da Universidade de Évora, a produção de porco alentejano “está ligada ao território e é sustentável, na medida em que são aproveitados recursos alimentares renováveis”.
A par disso, continua o investigador, a sua produção mantém “o montado não afetando nem a sua biodiversidade nem a regeneração do coberto arbóreo, suporta atividades económicas localizadas de elevado valor acrescentado ligadas à transformação do produto, e preserva uma cultura ancestral ligada à produção e transformação contribuindo assim para a valorização de áreas desfavorecidas da Europa”.
Rui Charneca diz ainda que o sistema de produção do porco alentejano “é em Portugal o que resulta em maior número de produtos com proteções europeias”, nomeadamente cinco denominações de origem protegida (DOP) e mais 23 indicações geográficas protegidas (IGP).
Esta produção “implica a emblemática ‘montanheira’, período de engorda em pastoreio nos montados de azinho e sobro no outono e inverno”, sendo “o animal que mais eficientemente transforma os alimentos que ingere em substâncias nutritivas utilizáveis pelo Homem”, acrescenta.
O investigador da academia eborense sublinha ainda que “as qualidades organoléticas da carne e produtos transformados são conhecidas e valorizadas pelo interesse gastronómico”.
“Está também comprovado que o consumo moderado desta carne e gordura monoinsaturada contribui favoravelmente para a regulação do colesterol, com consequências benéficas na prevenção das doenças cardiovasculares”, acrescenta.
Por tudo isto, conclui Rui Charneca, “a produção do porco de raça alentejana, o ‘Rei do Montado’ é sustentável, favorecendo a integridade e a rentabilidade do seu ‘Reino’, dá origem a produtos alimentares de reconhecida qualidade sensorial e dietética e favorece o desenvolvimento económico e cultural do montado”.