Cerca de 550 mil pessoas vão ser “convidadas” a visitar gratuitamente as milenares ruínas romanas de Tróia, no concelho de Grândola, no âmbito de um protocolo entre a empresa responsável pelo monumento e uma associação mutualista.
Em meados de 2011, foi inaugurado um percurso de visita com cerca de 450 metros, que custou cerca de 150 mil euros e inclui algumas das maiores fábricas de salga de peixe do complexo arqueológico, as termas, a zona residencial, o mausoléu e a necrópole.
Desde então, o local recebeu cerca de 16 mil pessoas, estando o número de visitantes “a crescer a um ritmo superior a 30%” por ano, adianta à Agência Lusa João Madeira, director geral do Troiaresort, empreendimento turístico onde está inserido o monumento.
Com a parceria entre o Troiaresort e a associação mutualista do Montepio, vai ser possível divulgar e promover o monumento junto dos cerca de 550 mil associados daquela instituição.
“Visitar é a melhor forma de preservar um espaço”, afirma João Madeira, justificando a importância do protocolo de cooperação assinado entre as duas entidades.
O protocolo prevê, entre outros “benefícios”, que os associados do Montepio visitem gratuitamente as ruínas e inclui também um apoio financeiro para o “desenvolvimento” do trabalho científico realizado.
A investigação no núcleo é “permanente”, sendo assegurada por três arqueólogos contratados “a tempo inteiro” pelo empreendimento turístico, frisa o gestor.
O trabalho passa pela divulgação do local, pela participação em congressos internacionais e pelo apoio à realização de teses de mestrado e doutoramento, entre outras iniciativas.
A equipa de arqueólogos está actualmente a organizar um congresso, a realizar em Outubro, sobre a cerâmica da época, nomeadamente as ânforas, avança João Madeira.
A dinamização do complexo arqueológico da estância balnear da costa alentejana tem passado pela realização de dias abertos e eventos, como a reconstituição de um mercado romano, durante o fim de semana da Páscoa, que contou com personagens como gladiadores, escravos, comerciantes, artesãos e músicos.
As ruínas da maior unidade de salga de peixe do império romano, classificadas como monumento nacional desde 1910, foram alvo de grandes escavações entre os anos 40 e 70 do século passado, ficando depois praticamente ao abandono durante mais de 20 anos.
A compra do terreno pela Sonae Turismo, que detém o Troiaresort, e a celebração de um protocolo entre a empresa e entidades estatais permitiu que, no final de 2006, o núcleo começasse a ser requalificado, com investimento totalmente privado.
No início deste ano, a valorização do local com cerca de dois mil anos de história foi eleita "Melhor Projecto Público" no âmbito dos prémios "Turismo do Alentejo 2012", organizados pela entidade regional de turismo.
