O delegado sindical na fábrica de Évora da Kemet Electronics, Hugo Fernandes, está convencido de que os trabalhadores da unidade fabril têm um “argumento muito forte” para impedir o despedimento colectivo de 127 operários.
“Temos documentos internos da empresa com datas e materiais que foram deslocalizados para o México”, que são “um argumento muito forte na mesa das negociações”, afirma o também dirigente do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas (SIESI).
Hugo Fernandes afiança que “esses documentos demonstram que o que está escrito nos fundamentos” do processo de despedimento colectivo na Kemet Electronics “não corresponde à verdade”.
“Há três ou quatro anos que a empresa deslocaliza mensalmente produtos, que deixam de ser fabricados em Évora e passam a ser feitos no México”, diz o sindicalista.
Segundo o delegado sindical, a multinacional norte-americana Kemet Electronics pretende avançar com o despedimento colectivo de 127 dos cerca de 310 trabalhadores da unidade fabril alentejana e encerrar uma das linhas de produção a 30 de Junho para a deslocalizar para o México.
O responsável insiste que “o que está por detrás do despedimento colectivo é uma deslocalização”, que “não é figura legal para um despedimento colectivo”, referindo que a empresa “recebeu muitos milhões de euros de apoio, desde o poder central ao poder local”.
Hugo Fernandes adianta que está marcada para esta quinta-feira, 20, a primeira reunião de negociação, em que vão participar membros da comissão sindical, da comissão representativa, da direcção da empresa e da Direcção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).
Em comunicado enviado à Agência Lusa, a Comissão Coordenadora Distrital de Évora do Bloco de Esquerda (BE) repudiou as intenções da Kemet Electronics, manifestando apoio e solidariedade aos trabalhadores da fábrica.
“É inadmissível que, mais uma vez, os interesses do capital se sobreponham aos interesses das pessoas, não mostrando qualquer preocupação pelos trabalhadores e famílias que afeta com as suas decisões”, pode ler-se no documento do BE de Évora.
Também em comunicado, a Câmara de Évora (CDU) manifestou-se “muito preocupada” com a situação dos mais de 120 trabalhadores da fábrica da cidade da Kemet Electronics alvo de despedimento colectivo.
