Nem tudo na vida tem explicação e José Poeira bem o pode dizer, pois ainda menino já se aventurava pelas ruas de Odemira a pedalar na bicicleta do irmão mais velho.
A paixão do ciclismo surgiu sem saber bem como, mas o sonho que quase todos condenavam ao insucesso foi concretizado à custa de muito “sangue, suor e lágrimas” derramados no alcatrão.
“Não sei porquê esta paixão… Mas acho que as pessoas nascem para isto ou para aquilo e eu comecei a gostar de ciclismo”, conta o próprio José Poeira, hoje com 57 anos.
Nascido em Odemira a 20 de Maio de 1959, José Poeira começou a sua carreira de ciclista em 1977, ao serviço do Almodôvar, conquistando de imediato o título de campeão regional do Algarve. Depois foi sempre a “subir”, passando pelas equipas do Pinheiro de Loures, Coimbrões, Lousa/Trinaranjus e Sicasal/Acral. Participou em dez edições da Volta a Portugal e esteve quatro vezes na mítica “Vuelta” (Volta a Espanha), além de em algumas corridas de renome em França.
“Estive sempre em boas equipas e quando não ganhava tentava ajudar os meus colegas a ganhar. E muitos ganharam corridas com a minha ajuda”, lembra o antigo ciclista, para logo acrescentar: “Sinto-me realizado pela minha carreira de 15 anos”.
José Poeira “estacionou” a bicicleta já na década de 90, mas não abandonou a modalidade. Primeiro foi treinador na Sicasal/Acral e depois passou para a Federação, onde há precisamente duas décadas (desde 1997) lidera a Selecção Nacional de Estrada nas categorias de Elite, Sub-23, Juniores e Cadetes.
No seu currículo conta já com cinco participações olímpicas, uma das quais coroada com a medalha de prata obtida por Sérgio Paulinho em 2004 em Atenas (Grécia), e um título de campeão do mundo em 2013, através de Rui Costa. Os resultados falam por si, mas ainda assim José Poeira garante não ter nenhum “segredo” para os alcançar.
“Como ciclista trabalhava sem olhar para mim, mas olhando sempre para o colectivo. Desempenhei um trabalho honesto e agora transportei isso para este cargo. E se calhar é por este trabalho honesto e pelos resultados alcançados que me mantenha num cargo como este”, afirma o técnico odemirense, que tem três máximas de que nunca abdica(rá): “Humildade, perseverança e proximidade com os atletas”.
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