A mulher que viveu 23 anos "isolada” em Vale de Vargo tem capacidades para ser autónoma e vai mudar de instituição para continuar o seu processo de integração social.
Os resultados preliminares da avaliação feita à mulher no Centro de Paralisia Cerebral de Beja, no passado mês de Dezembro, indicam que "tem capacidades para se tornar uma pessoa autónoma", disse à Agência Lusa Nuno Sousa, director do Centro Social e Paroquial de Brinches, onde Ana de Fátima, de 33 anos, vive desde o passado dia 29 de Novembro de 2012, quando foi encontrada num monte no concelho de Serpa.
"Há esperanças de a Ana poder ser autónoma e cuidar de si", disse, referindo que a mulher, "em breve", vai ser transferida para o lar residencial da Cercicoa, uma cooperativa de educação e reabilitação de crianças, jovens e adultos com dificuldades de integração, situada em Almodôvar.
A transferência de instituição, por indicação da Segurança Social, deve-se ao facto de o Centro Social e Paroquial de Brinches, um lar de idosos, não ter valências necessárias à integração da Ana e que a Cercicoa tem, explicou.
Nuno Sousa disse que a Ana tem tido "progressos significativos" desde que entrou no Centro Social e Paroquial de Brinches e foi submetida a exames no Hospital de Serpa, onde lhe diagnosticaram uma anemia, e avaliada pela médica da instituição.
Segundo a avaliação da médica do centro, precisou, a Ana, que comia com as mãos e precisava de ajuda para comer normalmente, tem um discurso incoerente, movimentos contorcidos, uma dentição em mau estado e com dentes partidos, hematomas na cabeça e alguns danos na coluna.
Apesar de tudo, a Ana está a ser tratada e a "evoluir bem", disse Nuno Sousa, referindo que a mulher já tem alguns movimentos "mais coordenados" e "come sozinha e com talheres".
Contactada pela Lusa, a directora do Centro Distrital de Beja da Segurança Social, Helena Barreto, escusou-se a prestar mais declarações sobre o caso de Ana, que, limitou-se a dizer, "está a ser acompanhada com algum sucesso e a ter uma evolução muito positiva".
Em declarações anteriores à Lusa, Helena Barreto contou que a Ana foi encontrada num estado "quase animal" num monte isolado na freguesia de Vale de Vargo (Serpa), onde residia com os pais idosos e uma irmã de 43 anos.
A Ana frequentou a escola até à antiga quarta classe, ou seja, até aos 10 anos, e, desde esta idade, "parou no tempo, não teve qualquer contacto com o exterior" e viveu em casa com os pais e a irmã "completamente isolada do mundo", disse a responsável.
Helena Barreto teve conhecimento do caso através do presidente da Junta de Freguesia de Vale de Vargo, durante uma visita a uma instituição da aldeia a 29 de Novembro.
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