Com mexidas ou não na Política Agrícola Comum (PAC) a partir de 2020, no decorrer do novo pacote de fundos comunitários, uma coisa é certa: as medidas agro-ambientais de apoio à agricultura no Campo Branco têm de continuar. Esta é a opinião do vice-presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco (AACB), para quem os apoios no âmbito do Apoio Zonal “são fundamentais” para a manutenção da actividade agrícola na região.
“É fundamental continuar este apoio para os produtores conseguirem manter a actividade com alguma rentabilidade e não haver um abandono das terras, visto ser importante a fixação dos jovens no território, dado o envelhecimento dos agricultores. A partir de 2020 a nossa esperança é que isto continue! Aliás, a agricultura tradicional – em que até se baseia a questão da reserva da Biosfera da Unesco – só é viável com estes apoios ambientais”, argumenta António Aires ao “CA”.
De acordo com este responsável, de momento são poucas as certezas sobre o futuro da PAC. A anunciada saída do Reino Unido da União Europeia faz com que circulem rumores de que o pacote financeiro destinado à agricultura pode vir a sofrer uma drástica redução a partir de 2020, mas António Aires acredita que haverá “sensibilidade” de todas as partes para territórios mais desfavorecidos, como o Campo Branco.
“Terão que ser os Estados-membros, neste caso Portugal, a mostrar sensibilidade para estas questões ambientais. E se se defende cada vez mais o ambiente e a fixação de populações no interior, terá que haver sensibilidade para esta parte”, sublinha António Aires, que acrescenta: “Na AACB temos vindo a alertar que isto [agro-ambientais] é fundamental para manter a agricultura tradicional nesta região”.
O vice-presidente da AACB afiança que seria “muito mau” para a agricultura da região “se as agro-ambientais acabassem”. “Sem estas ajudas ser agricultor no Campo Branco torna-se difícil! O Alentejo não é só regadio e a parte do sequeiro também tem de ser mantida. E pelos solos que aqui temos, tem de ser uma agricultura tradicional. Temos feito ver isto às entidades competentes e acho que eles têm consciência que sem estes apoios é difícil manter esta agricultura tradicional”, observa.
De momento, a zona do Campo Branco conta com 250 candidaturas as todas as medidas agro-ambientais existentes para o território. Um número que até poderia ser maior se pudesse haver novas adesões, o que não acontece desde 2015 devido à falta de verbas.
“Dentro da PAC 2014-2020 houve uma grande adesão dos produtores e a parte da verba destinada às agro-ambientais esgotou. Entretanto, não há novas adesões até à reforma da PAC… E se novos produtores quiserem aderir ou se os que já beneficiam quiserem aumentar a área, neste momento não é possível. Ora isto causa alguns constrangimentos, sobretudo junto de novos agricultores ou de produtores das raças autóctones”, conclui António Aires.
