A vila de Entradas “inspirou” Luís Micael Salvador e Napoleão Mira a criarem Luz de Santiago, livro que junta as fotografias do primeiro aos textos do segundo e que é apresentado neste sábado, 28, no Museu da Ruralidade.
A obra nasceu pelo amor que ambos os autores sentem pela sua terra e também devido à paixão de Luís Micael Salvador pela arte da fotografia. “Desde que comecei a fotografar que pretendia fazer algo por Entradas. Algo que a valorizasse e que também expressasse a minha perspectiva emocional”, conta Luís Micael Salvador, 27 anos e biólogo de formação.
A ideia foi germinando e o jovem fotógrafo começou a pensar num livro e numa exposição. Foi isso que o fez voltar a percorrer as ruas e os campos que já tinha explorado enquanto criança, invariavelmente ao “lusco-fusco”.
“Sempre fui atraído pela noite e pelas luzes da minha terra. Pela melancolia nelas contida. Pelo som do silêncio. Pela opacidade das pedras que se estendem pelas ruas da minha terra”, admite.
“Numas vezes”, continua Luís Micael, ficava “a contemplar o nascimento das luzes sobre as pedras opacas, noutras a vislumbrar o brilho vindo das estrelas”. E também a fotografar. Foi a essas fotos que se juntaram, posteriormente, as palavras escritas. “A meio do processo de criação do portefólio experienciei uma sensação de inquietação e senti-me incompleto. Não conseguia encaixar no retrato todas estas novas sensações de nostalgia. Assim, convidei o Napoleão Mira e de todas as vezes que o meu parceiro pegava na caneta e remexia nas profundezas da sua lembrança, as fotografias ganhavam corpo e os elementos fundiam-se, preservando neste livro a alma desta terra”, justifica Luís Micael Salvador.
“O Luís deu-me total liberdade para criar os textos e assim nasceu esta Luz de Santiago, complementa Napoleão Mira, 62 anos. “Debruçámo-nos sobre a luz do entardecer, esse momento único em que os resquícios da luminosidade diurna dão lugar a essa passagem mágica e efémera a que chamamos ‘lusco-fusco’. Noutras situações foi a que vinha directamente das estrelas ou ainda a bruxuleante luzência da iluminação pública que confere a Entradas uma atmosfera singular”, acrescenta.
Napoleão Mira admite que foi escrevendo os textos “de sopetão” e de acordo com o que lhe “ia na alma” à medida que ia revolvendo o baú da(s) memória(s). “Sem que o provocasse, saíam-me ao caminho alguns dos fantasmas que me perseguem. Por isso, diria que as fotos me abriram portas para garimpar nessas recordações e que depois resultaram em textos mais ou menos telegráficos de modo a exaltar o olho fotográfico do meu parceiro”, conta o autor.
Por tudo isto, mais que um livro de fotografias e textos, Luz de Santiago acaba por ser um documento muito pessoal e emocional. “Entradas ‘pariu-nos’, logo, deu-nos à luz. É desse ângulo especial, metafórico, diria, que eu e o Luís abordámos este trabalho”, diz Napoleão Mira. “Este projeto é, simplesmente, uma prova de amor às nossas ‘raízes’ entradenses”, remata Luís Micael Salvador.
A apresentação de Luz de Santiago faz parte do programa das comemorações do sétimo aniversário do Museu da Ruralidade, em Entradas.
Além da apresentação do livro e da inauguração da exposição com o mesmo nome às 18h00 deste sábado, 28, as comemorações incluem ainda, no domingo, 29, pelas 16h00, a actuação do Grupo Coral “As Ceifeiras” de Entradas, seguida de bolo de aniversário.
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