O jovem Gonçalo Mamede, de 22 anos e natural de Castro Verde, é o novo presidente da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) de Lisboa, uma das universidades nacionais de referência na área das engenharias.
Licenciado em Ciências da Engenharia – Ramo de Engenharia do Ambiente e a frequentar o segundo ano do mestrado em Engenharia do Ambiente, Gonçalo Mamede foi eleito no final da passada semana e admite, em entrevista ao “CA”, que é “uma honra” e “uma enorme responsabilidade” presidir à AE do IST.
“Mais do que honrar os grandes nomes que já passaram por esta casa, tenho ainda a ambição de fazer melhor e continuar o rumo de crescimento da associação”, afiança.
Que representa, a nível pessoal e académico, a sua eleição como presidente da AE do IST?
Para além de ser uma honra, acarreta, acima de tudo, uma enorme responsabilidade. Esta é uma associação dos estudantes com quase 110 anos de história, reconhecida pelo profundo impacto que tem e continuar a ter na sociedade, seja nas manifestações pela liberdade durante o tempo do Estado Novo, no apoio às vítimas das cheias de Lisboa de 1967 ou, mesmo na atualidade, na colaboração na produção de milhares de kits de teste à Covid-19. Para além deste envolvimento junto da comunidade, a AEIST é responsável por representar os mais de 12.000 estudantes do Técnico, gerir um orçamento anual perto do milhão de euros e garantir as melhores condições à sua dezena de funcionários. Desta forma, posso dizer que presidir à AEIST será o maior desafio da minha vida, até ao momento. Porque mais do que honrar os grandes nomes que já passaram por esta casa, tenho ainda a ambição de fazer melhor e continuar o rumo de crescimento da associação.
Quais as metas e ambições para o seu mandato?
Nos últimos tempos temos vindo a assistir ao incremento da distância entre os estudantes e as estruturas associativas que os representam. No entanto, sabemos que a AEIST só atingirá todo o seu potencial quando os estudantes olharem para a associação como sua, quando os estudantes assumirem uma postura crítica e, de facto, se envolverem naquilo que é a vida orgânica da AEIST. É por isso que este será o nosso principal desafio e compromisso durante o mandato: recuperar o envolvimento dos estudantes na vida orgânica da associação, ao nível do que outrora acontecia. Para além deste objetivo mais geral, temos outros mais específicos, nomeadamente, no que concerne ao investimento na reabilitação do edificado da associação, melhoria das condições para as equipas desportivas da AEIST e criação de uma dinâmica mais próxima entre os campi do Técnico.
“É intrínseca à minha pessoa a vontade de participar e de dar a minha opinião sobre assuntos estruturantes, para além de acreditar piamente que as nossas ações podem fazer a diferença junto da sociedade.”
O que o fez entrar para o movimento académico associativo?
Isso aconteceu muito cedo, começando quando tive a oportunidade de presidir à direção da Associação de Estudantes da Escola Secundária de Castro Verde e de me envolver ainda em vários projetos de participação cívica durante o ensino secundário, tais como o Parlamento dos Jovens e o Euroscola. Considero que o meu envolvimento neste tipo de atividades deve-se muito à minha postura e à forma com que encaro a vivência em comunidade: é intrínseca à minha pessoa a vontade de participar e de dar a minha opinião sobre assuntos estruturantes, para além de acreditar piamente que as nossas ações podem fazer a diferença junto da sociedade.
As associações académicas são, muitas vezes, “berço” de futuros dirigentes associativos e/ou políticos. Vê-se a seguir esse caminho no futuro ou não?
Muitas vezes, as associações académicas garantem aos seus dirigentes um primeiro contacto com matérias políticas, de gestão financeira e recursos humanos, operacionalização de serviços ou atividades, entre tantas outras. Estas estruturas, para além da experiência fornecida nas matérias referidas, asseguram aos seus dirigentes uma formação de alto nível no que diz respeito àquilo que deve ser a participação democrática, a cidadania e a vivência em comunidade. Por isso, continuamos a assistir a grandes nomes da sociedade civil terem iniciado o seu percurso nestas estruturas estudantis. Numa vertente mais pessoal, não quero pronunciar-me quanto ao meu futuro. A única coisa que posso garantir é que continuarei com a mesma postura, sempre leal às causas públicas que abraço.