O capitão do FC Castrense passa em revista a época de 2019-2020, abruptamente concluída devido à pandemia de Covid-19, em que cumpriu o 250º jogo com a camisola do clube e celebrou o 100º golo pelo emblema de Castro Verde. Quanto à prestação da equipa, Jorginho admite que a expectativa era que esta fizesse melhor do que fez. “As nossas expectativas eram que [a época] fosse um bocadinho melhor e tínhamos a esperança que, nesta fase final, melhorássemos e isso se reflectisse na classificação. Mas tendo a época acabado a meio, não deu para melhorar essa posição”, reconhece em entrevista ao “CA”.
A época 2019-2020 chegou ao final mais cedo, devido à Covid-19. Sente que esta foi a decisão correcta?
Sim! Tendo em conta aquilo que vivemos e a situação em que estamos, foi claramente a decisão mais acertada. Primeiro que tudo está a saúde de todos nós e depois sim a parte desportiva. Por isso, creio que foi a melhor decisão.
E que balanço se pode fazer da prestação do FC Castrense nesta temporada?
Podia ter sido melhor. As nossas expectativas eram que [a época] fosse um bocadinho melhor e tínhamos a esperança que, nesta fase final, melhorássemos e isso se reflectisse na classificação. Mas tendo a época acabado a meio, não deu para melhorar essa posição…
O que faltou?
Faltaram diversas coisas! Houve uma mudança de paradigma que não tem sido assim tão fácil de assimilar, pois o FC Castrense era um clube habituado a ganhar e agora vê-se nesta situação de não ganhar com tanta regularidade. Depois começa a faltar confiança, os resultados acabam por não ser tão positivos e isso leva a que andemos pelo meio da tabela e não lá por cima.
A aposta na juventude tem condicionado o sucesso desportivo mais imediato da equipa?
Num primeiro momento sim. Mas esperamos que daqui para a frente isto seja ultrapassado e é com estes jovens que queremos voltar lá acima. Este é o caminho que a direcção entendeu seguir e concordo com ele, porque é dos jovens que temos que fazer o futuro. Mas neste primeiro momento sabíamos que ia ser complicado andar lá por cima.
Em termos pessoais, pode dizer-se que esta época foi marcante para o Jorginho: cumpriu o 250º jogo com a camisola do FC Castrense e celebrou o 100º golo ao serviço do clube. São números de respeito parta qualquer um…
É de facto uma época que me vai marcar por esses números. Não é qualquer um que chega a esses números num clube e eu tenho a felicidade de, em oito épocas e meia em Castro Verde, ter já 250 jogos feitos em 252 possíveis e ter feito 100 golos, que acho que é um número bastante bonito… Portanto, posso dizer que foi uma época positiva por isso.
Os actuais responsáveis pelo FC Castrense falam muito na necessidade de devolver a mística ao clube. Pelo seu percurso no FC Castrense, sente que transporta consigo essa mística?
Sim, sinto que sou o jogador talvez mais acarinhado pela massa adepta e sou visto como um jogador de Castro [Verde]. Este ano houve uma aposta da direcção em fazer regressar alguns jogadores, o que faz com que as pessoas também acompanhem um pouco mais o clube, porque são jogadores da terra. Mas sinto que sou, se calhar, o jogador de referência do Castrense actualmente pelos anos que tenho de clube.
Está com 33 anos. Como é que avalia aquilo que tem sido a sua carreira até ao momento?
Tem sido uma carreira engraçada. Nos poucos anos que joguei no distrital fui quase sempre campeão – tirando estes últimos dois anos no Castrense. Nesse aspecto, penso que o balanço é positivo. Depois, nos nacionais, tenho um título da 3ª divisão pelo Mineiro e participei em alguns campeonatos da 2ª divisão B. Penso que tenho uma carreira bastante positiva.
Esteve na 2ª divisão B com o Mineiro Aljustrelense e também com o Atlético de Reguengos. Nunca houve possibilidades de ir mais além?
Temos sempre essa expectativa, mas sabendo que não é fácil. Se calhar, actualmente, seria mais fácil, pois os tempos são outros. Hoje há mais procura por atletas do Campeonato de Portugal. No meu tempo não era fácil passar de uma 2ª B para a 2ª divisão ou para a 1ª Liga. Era muito complicado…
Qual o momento mais marcante da sua carreira?
Destaco dois momentos. O primeiro no Mineiro, no primeiro ano em que vou para Aljustrel e nos sagramos campeões nacionais da 3ª divisão. Creio que não é nada fácil a um clube da nossa região ser campeão nacional. E o segundo momento é aqui no FC Castrense, no ano em que ganhámos os três títulos – campeonato, taça e supertaça – no distrital [de 2016-2017]. Foi a minha melhor época em termos pessoais.
O futuro do Jorginho continua a passar pelo FC Castrense?
Sim, o meu pensamento é esse. Não estou a pensar em sair do FC Castrense, pois tenho o meu trabalho na secretaria do clube e o futuro creio que passará pelo clube. Tenho tido alguns convites, mas a prioridade é o FC Castrense e o trabalho que tenho ali.
Ainda espera voltar a ser campeão distrital em Castro Verde?
Sim, claro que sim! Espero ser um dos ‘velhotes’ a ser campeão ao lado destes jovens.