O novo presidente da Câmara de Beja, o comunista João Rocha, acusa o Governo de ter uma "enorme vontade de acabar" com o Poder Local, criticando a extinção de freguesias.
"Suponho que há uma enorme vontade de acabar com este Poder Local, que saiu do 25 de Abril e mudou a face deste país", disse João Rocha, em entrevista à Agência Lusa.
A acusação estende-se a "todos os que estiveram metidos" na extinção de freguesias, frisou o histórico e antigo autarca comunista de Serpa, de 62 anos, eleito presidente da Câmara de Beja, com maioria absoluta, nas autárquicas de domingo, 29, reconquistando a autarquia que a CDU tinha perdido para o PS em 2009.
"Há gente que quer limpar a água do capote, mas não pode", porque "também andou metida", disse, aludindo ao PS, que, tal como o PSD e o CDS-PP, que formam a coligação do Governo, também assinou o compromisso com a "troika" que previa a extinção de freguesias.
As relações do novo executivo CDU da Câmara de Beja com o Governo serão "sempre" em "defesa do Município", disse, referindo ser "evidente" que a autarquia vai exigir, seja a que Governo for, a requalificação, "o mais rapidamente possível", do IP 8, com quatro faixas entre Sines e a fronteira com Espanha, e "dinâmica" para o aeroporto de Beja, para que possa funcionar com todas as valências.
"Tem de haver vontade política para pôr as coisas a funcionar" e "resolver problemas" como o do aeroporto de Beja, defendeu João Rocha, lembrando que, no caso da construção da A26, entre Sines e Beja, "foi o Governo que suspendeu as obras, portanto, se houvesse vontade política deveria estar feita".
João Rocha disse que as "primeiras prioridades" do novo executivo CDU passam por "conhecer" a Câmara de Beja, falar com os trabalhadores e analisar e divulgar as contas da autarquia.
"E depois levar o nosso programa por diante. Tudo depende da forma como a Câmara se encontrar, sendo certo que apostaremos muito fortemente na gestão participada", disse, destacando que uma das prioridades do novo executivo é reduzir a dívida da autarquia.
João Rocha quer "afirmar" Beja e promover as potencialidades do concelho, sobretudo as ligadas à agricultura de regadio e ao património histórico e cultural.
"Uma das nossas preocupações é o desenvolvimento económico", área em que a agricultura de regadio aparece com "um papel extremamente importante", já que o concelho está inserido na "imensa área" do Alqueva, o que vai permitir reconverter agricultura de sequeiro em regadio, atrair investidores, criar agro-indústrias e empregos e uma "forte dinâmica empresarial".
O concelho de Beja tem "um património histórico-cultural riquíssimo" e um centro histórico que deve ser requalificado e dinamizado, com o objectivo de propor à Direcção Geral do Património Cultural a classificação da zona como "conjunto de interesse público", frisou o autarca, referindo que "tudo isto, em conjunto, poder servir para afirmar Beja, porque pode trazer muitos turistas".
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