“Uma aventura literário/musical marcadamente rural, periférica”: é desta forma que se pode sintetizar “Lugar Nenhum”, disco de estreia do projecto Grafonola Voadora, em que a poesia declamada por Napoleão Mira se junta às canções e acordes musicais de Luís Galrito e às imagens manipuladas por João Espada.
Os três rodearam-se de muitos amigos e convidados e gravaram um álbum com 12 “canções faladas”, onde surge bem vincada a sua identidade “sulista”.
“Este é um trabalho marcado pelas nossas referências e vivências, que não sendo de todo urbanas remetem-nos para o nosso habitat natural, que é o sul”, conta ao “CA” Napoleão Mira, natural de Entradas (Castro Verde), que acrescenta: “O resultado dessa simbiose musical e literária é o reflexo daquilo que nos rodeia. E nas 12 faixas deste trabalho estão explícitas essas nossas influências, nomeadamente nos temas ‘Sul’, ‘Moda da Lavoura’, ‘No Silêncio das Pedras’ ou ‘Mãe Soberana’”.
Segundo Napoleão Mira, além de ser o título de uma das faixas do disco, o título “Lugar Nenhum” é também “uma metáfora para aqueles que sendo de todo o lado acabam por não ser de lado algum”. “Quando escrevi o poema, que é de algum modo auto-biográfico, pensei no António Variações quando dizia ‘só estou bem onde não estou’”, explica. “Mas este ‘Lugar Nenhum’, logicamente, pretende chegar longe ou até onde nos deixarem”, nota.
A par da sua identidade, continua o autor, o disco é igualmente “um trabalho altamente diferenciador” no panorama musical em Portugal, uma vez que além dos temas cantados pelo Luís Galrito e de dois temas instrumentais, os restantes são “a matriz” do seu trabalho, “ou seja, as tais ‘canções faladas’ que são o ADN da Grafonola Voadora”.
“Este, é um trabalho onde depositámos muita da nossa energia criativa, procurando ser inovadores e, ao mesmo tempo, surpreender para aqueles que quiserem descobrir uma música alternativa, feita com muita paixão e cujo resultado agora apresentamos ao público”, reforça Napoleão Mira.
Ao lado de Napoleão Mira, Luís Galrito e João Espada em “Lugar Nenhum” surgem, como convidados, Ricardo Martins, João Palma e Sickonce, “Os Ganhões de Castro Verde”, Mauro Cunha, João Mestre, Carolina Marcos, Sara Espírito Santo e Pedro Pinto. Os poemas são da autoria do próprio Napoleão Mira, mas também de Vítor Encarnação (dois temas) e de Sophia de Mello Breyner (um tema). As gravações decorreram durante as primeiras semanas de 2020, num trabalho “que foi crescendo à medida” da sua criação.
“Já tínhamos algum do material agora gravado, depois fomos construindo as restantes peças do puzzle logo que decidimos o caminho que iríamos trilhar. De referir que este projecto, para além da música e da palavra, também vive muito da imagem criada pelo terceiro elemento do grupo, o João Espada, mas esse particular só se revela quando nos apresentamos ao vivo”, diz Napoleão Mira.
Para já, os temas de “Lugar Nenhum” estão disponíveis nas plataformas de música online, sendo que o disco será vendido nos concertos e na loja virtual www.napoleaomira.com. A apresentação em palco ainda não tem data prevista, depois de ter estado agendada para o passado dia 29 de Março em Loulé, no âmbito do Festival “Som Riscado”, tendo sido adiada devido à pandemia de Covid-19. “De qualquer modo, estamos a aceitar convites para levarmos este ‘Lugar Nenhum’ a todos os lugares onde nos queiram ver e escutar”, conclui Napoleão Mira.
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