A criminalidade aumentou quase 20% no distrito de Beja em 2022, com mais 839 crimes participados às autoridades face ao ano anterior, mas a região continua a ser das mais seguras em Portugal. Os dados são avançados pelo Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) relativo a 2022, aprovado no final de março pelo Conselho Superior de Segurança Interna, numa reunião presidida pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro.
De acordo com o RASI 2022, consultado pelo “CA”, no ano passado foram registadas 5.160 participações de crimes em toda a região, mais 839 que em 2021, o que representa um aumento de 19,4%. Trata-se do terceiro ano consecutivo em que a criminalidade aumenta no distrito de Beja.
Apesar deste crescimento substancial no número de crimes participados, Beja continua a ser dos distritos com menos casos de criminalidade, só sendo superado por Bragança (3.351 participações), Portalegre (3.962), Guarda (4.106), Évora (4.573) e Vila Real (4.812).
No que toca à criminalidade violenta e grave, Beja registou o terceiro maior aumento em 2022, de 42,9%, devido a um total de 120 participações, mais 36 que no ano anterior. Ainda assim, em termos globais, Beja é o quinto distrito com os melhores resultados nesta área, apenas atrás de Bragança (46 participações), Guarda (60), Vila Real (90) e Portalegre (93).
Apesar deste crescimento substancial no número de crimes participados, Beja continua a ser dos distritos com menos casos de criminalidade, só sendo superado por Bragança, Portalegre, Guarda, Évora e Vila Real.
Na “contabilidade” por concelhos, o RASI 2022 revela que o número de crimes participados no último ano aumentou em todos os municípios do distrito de Beja face ao período homólogo anterior, com exceção de Mértola.
Como habitualmente, Beja voltou a ser o concelho com maior número de participações registadas, num total de 1.184 (mais 216 que em 2021). Ainda assim, foi Odemira que registou o maior aumento na criminalidade, passando de 788 participações em 2021 para 1.014 em 2022 (mais 226).
Nos restantes 12 concelhos, o número de crimes participados aumentou em 11 deles: Serpa (+92), Moura (+84), Ferreira do Alentejo (+57), Ourique (+48), Castro Verde (+40), Aljustrel (+38), Cuba (+33), Barrancos (+22), Almodôvar (+18), Vidigueira (+16) e Alvito (+15).
A exceção foi mesmo Mértola, que em 2022 registou um total de 140 crimes participados, menos 35 que um ano antes.
O crime mais participado na região no último ano voltou a ser o da condução de veículo com taxa de álcool igual ou superior a 1,2g/l (430 participações, mais 30,7% que o ano anterior). Seguiram-se os crimes de ofensa à integridade física voluntária simples (421 participações, mais 30,7%), e de violência doméstica contra cônjuge ou análogos (376 participações, mais 28,3%).
Relativamente à criminalidade violenta e grave, o tipo de crime mais registado foi o de resistência e coação sobre funcionário (32 participações, mais 39,1% que em 2021). Seguiram-se o crime de extorsão (24 participações, um aumento de 100%!) e o de ofensa à integridade física voluntária grave e extorsão (20 participações, mais 66,7%).
O RASI 2022 aponta ainda Beja com um dos dois distritos, juntamente com Leiria, onde foram registadas mais investigações relacionadas com o tráfico de pessoas. De acordo com o documento, foram 91 as vítimas identificadas, na sua maioria homens e “quase unicamente por tráfico laboral na agricultura”, na sua maioria oriundos de países africanos (35) e asiáticos (34).