Comerciantes de Castro contra nova loja chinesa

Comerciantes de Castro

As antigas instalações da Cooperativa de Consumo Popular (COOP) Castrense, em Castro Verde, podem em breve vir a ser ocupadas por uma loja chinesa.
O enorme imóvel de 1412 metros quadrados, localizado no centro da vila, foi recentemente adquirido por um empresário chinês e os comerciantes da zona temem que a (re)abertura deste espaço possa afectar fatalmente os seus negócios.
Com a preocupação a crescer todos os dias, a primeira a passar à acção foi Isabel Oliveira.
A proprietária da “Boutique Fetiche”, que vende vestuário feminino, escreveu uma carta endereçada ao presidente da Câmara Municipal, que foi subscrita por mais 72 comerciantes.
Na missiva, os empresários manifestavam a sua preocupação com a eventual abertura de uma loja chinesa nas antigas instalações da COOP Castrense e pediam a intervenção da autarquia.
Na sequência da carta, os comerciantes acabaram por reunir com Francisco Duarte no passado sábado, 28 de Fevereiro, mas do encontro apenas ficaram… os temores.
“Ficámos esclarecidos, mas não fiquei muito satisfeita. [O presidente da Câmara de Castro Verde] disse que não conseguia fazer nada. E a minha preocupação é vir a perder clientes e ter de fechar a porta”, explica ao “CA” Isabel Oliveira.
Na opinião desta comerciante, tudo isto podia ter sido evitado se a autarquia tivesse avançado para a aquisição do imóvel na rua Alexandre Herculano, para aí instalar serviços municipais ou dinamizar outras actividades. Tal não sucedeu, daí as críticas a Francisco Duarte.
“Esperava que ele fosse nosso ‘companheiro de guerra’! Na altura dos meus avós e dos meus pais, lembro-me de eles dizerem que a CDU lutava pelo povo. E eu pensei que ele lutasse pelo povo”, justifica.
Uma opinião muito idêntica tem Lurdes Catarino, que também marcou presença na reunião.
“Tenho a certeza absoluta que se ele [Francisco Duarte] quisesse podia impedir” a abertura de uma nova loja chinesa em Castro.
“Noutros sítios do país, quando o presidente da câmara não quer que abram lojas chinesas, não deixa abrir”, diz a proprietária da loja “Modas Verónica”, assumindo ter ficado igualmente “um bocado decepcionada” com o autarca castrense.
“Dizem [Câmara de Castro Verde] que se preocupam muito com o comércio local, mas na minha opinião acho que não estão minimamente preocupados”, acrescenta.
Mais comedida, Maria de Lurdes Lourenço, da loja de roupa “El Moda”, que fica a escassos metros do futuro bazar chinês, reconhece que a reunião foi esclarecedora… mas “pouco proveitosa” para os comerciantes.
“Preocupa-nos podermos ter de fechar as nossas lojas”, diz esta comerciante, que ainda acredita na possibilidade das instalações da cooperativa continuarem de portas fechadas.
“Até acredito que eles [chineses] possam não vir. Podem ter-se arrependido, visto que ninguém sabe de nada”, confidencia.

Câmara diz que
não pode fazer nada

Se uma nova loja chinesa abrir nas antigas instalações da COOP Castrense, a Câmara de Castro Verde nada pode fazer para travar o processo.
Quem o afirma é o presidente da autarquia, sintetizando aquilo que disse aos comerciantes da vila presentes na reunião do passado sábado.
“É óbvio que não [podemos impedir a abertura da loja], sejam chineses ou de outra nacionalidade qualquer. Desde que seja conforme com a lei nacional relativamente à prática comercial e que o espaço esteja licenciado para tal, não há nada a fazer”, assume ao “CA” Francisco Duarte, garantindo que o encontro serviu também para explicar aos comerciantes a intervenção do Município “no processo de alienação da massa insolvente” da Cooperativa de Consumo Popular Castrense.
Sobre o futuro do comércio tradicional em Castro Verde com a abertura de uma nova loja chinesa na localidade, o autarca da CDU reconhece que tal “poderá conduzir a um depauperamento ainda maior do tecido comercial da vila”.
“Mas o quadro legal em que nós nos inserimos não nos permite ter qualquer atitude de evitar que esses estabelecimentos se possam instalar”, volta a frisar Duarte, defendendo que o problema se coloca, “fundamentalmente”, na capacidade dos comerciantes “mostrarem a mais-valia que têm relativamente a outro tipo de comércio”.

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Correio Alentejo

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