No próximo domingo, dia 7, é dia de eleições para o Parlamento Europeu, mas as últimas sondagens avançam com taxas de absentismo altíssimas, a rondar os 66%.
Face a estas projecções, os partidos políticos intensificam as suas mensagens, esperando que elas cheguem aos eleitores, os esclareçam, os motivem e possam, ainda, inverter esta tendência.
Mas porque se alheiam os cidadãos duma matéria que, afinal, lhes diz respeito e que influencia, de forma determinante, as suas vidas? A verdade é que, apesar da globalização, apesar da inexistência de fronteiras, apesar do euro que nos tornou iguais, se não na hora de recebermos ao menos na hora de pagarmos as contas, a verdade, dizia, é que para muitos de nós a Europa é ainda um lugar distante onde parecem não chegar as nossas vozes. O cidadão comum, o menos esclarecido, é assim que pensa. E acomoda-se.
– Para quê ir votar? O que muda na minha vida ? – perguntam-se.
E, assim sendo, como pensam, não se dão ao trabalho. E, depois, há ainda outra questão, porventura a mais importante, já que é preciso, se não antes, ao menos na hora de votar, fazer escolhas, decidir em quem votar.
– Nas eleições autárquicas estas questões são mais fáceis, a gente, ao menos, conhece as pessoas – diz-me a minha tia, quase oitenta anos, nenhuma instrução e pouca informação. Sabe umas dicas aqui, outras ali, não passam de dicas, já que são desgarradas, umas não têm que ver com as outras, ouvidas no telejornal, na hora do almoço, a panela de pressão a apitar, “agora é que não consegui perceber nada, mas que ele disse isso, disse”.
A agravar este estado de coisas, há ainda as campanhas de alguns partidos que, em vez de esclarecer, baralham os dados, e, de forma muito pouco ou nada inocente, expressam-se como se estivessem em causa as eleições legislativas ou as autárquicas. Tanto umas como outras não tardam e adianta-se caminho. Assim, mete-se tudo no mesmo saco, a música ou melhor, a “cassete”, também é a mesma e vai entrando no ouvido… Isso é que importa! O resto é ruído.
Por isso, tive que explicar à minha tia que votar é um dever mas é também um direito. Que não tínhamos e agora temos. E que além de ser um dever de cidadania e um direito de que não devemos abdicar, é, afinal, mais fácil do que parece. Mesmo que se trate de eleições para o Parlamento Europeu. Como agora.
E quando lhe expliquei:
– Que os esgotos que servem a sua terra e permitem melhor higienização da sua casa e melhor qualidade de vida a todos, só foram uma realidade porque os respectivos custos tiveram a comparticipação dos fundos da União Europeia; que a água que corre, límpida e pura da torneira da sua casa também beneficiou do mesmo contributo; que as escolas onde os nossos filhos estudam foram construídas, melhoradas e equipadas com fundos comunitários; que os hospitais e os centros de saúde onde vamos tratar-nos foram construídos e equipados com os mesmos fundos; que as estradas e auto-estradas por onde os nossos carros circulam, só foram construídas porque beneficiámos daqueles financiamentos; que passámos a entrar, livremente, nos países da Comunidade Europeia, sem necessidade de passaporte e podemos ir trabalhar ou estudar nesses países, com direitos iguais; que Portugal mudou muito nas últimas décadas, e se conseguimos “descolar” da imagem de país atrasado e subdesenvolvido foi, sem dúvida, porque em 1986 houve quem, corajosamente, decidisse a nossa entrada na Comunidade Europeia e, desde então, os países mais ricos passaram a dar o seu contributo para os mais pobres, como nós.
E era meu propósito continuar a citar “carradas” de matérias que têm que ver connosco e a União Europeia, quando a minha tia, ou por se considerar esclarecida ou por achar que isto até se parecia, já, com certas cassetes… me interrompeu e sentenciou:
– Oh, sobrinha, deixe estar, não se mace mais, já percebi. Afinal, votar é fácil!

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