Viver melhor… mas com menos?

Carlos Pinto

JORNALISTA | DIRECTOR DO "CA"

Um trabalho da Rádio Renascença, divulgado no início desta semana, revela que os jovens portugueses são cada vez menos, ganham na sua maioria menos que 1.000 euros e saem cada vez mais tarde de casa. Pior: segundo a mesma investigação, as novas gerações vão viver “pior do que anterior”.
Entrevistada na peça, a investigadora Helena Lopes, do ISCTE, disse mesmo ser quase uma inevitabilidade os jovens terem viver, no futuro, com menos, seja por razões económicas seja por o planeta já não aguentar o nível de consumo que agora existe, o que implicará outro tipo de mobilidade e menos objetos.
Por tudo isto, acrescentava a investigadora, os sistemas educativos vão ter de se readaptar e “tentar que os jovens não aspirem a ser ricos”. “Eles vão ter de contentar-se e serem felizes com uma vida com menos, com menos coisas materiais”, concluiu.
Esta antecipação do futuro, sobretudo para quem tem filhos, é de todo assustadora e ilustra a sucessão de erros que temos, geração após geração, vindo a cometer em nome de uma “vida melhor”. Apesar da boa vontade de todas as ações praticadas, vemos agora que muitas vezes agimos sem critério e menosprezando as suas eventuais consequências de médio e longo prazo.
As alterações e a crise climática, os guetos sociais que se vão criando em redor das grandes metrópoles ou os discursos de ódio que se disseminam como gasolina numa fogueira são alguns dos efeitos nefastos dessa demanda em busca da vida perfeita. Será que ainda iremos a tempo de inverter esse caminho?

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