“Quero dirigir-me em particular aos idosos com menos recursos porque são esses que verdadeiramente mais precisam da nossa solidariedade. O Governo continuará a fazer tudo o que está ao seu alcance para lhes dar condições para uma vida digna de livre da pobreza como não pode deixar de ser numa sociedade que se quer respeitar a si própria e que tem a ambição de ser mais justa.” Palavras que ouvi a sua excelência o primeiro-ministro de Portugal na sua mensagem de Natal. Palavras essas que nos habituámos a ouvir, vírgula a mais, vírgula a menos, ano após ano na familiar quadra festiva. Basta a imagem no ecrã, o som cortado, que mesmo assim, como se já soubéssemos ler nos lábios, lhes adivinhamos o paleio promissor. Sim, afirmou sua excelência, o rumo parece que já o encontrámos.
Nas minhas andanças pelo país como contador de histórias, tenho visitado algumas instituições vocacionadas para o apoio à terceira idade. Lares, centros sociais, serviços domiciliários, de todos tenho recolhido depoimentos que me levam a pensar que esta coisa de chegar a idoso e ter que contar com a solidariedade do Estado tem que se lhe diga. Chego à conclusão de que é mais fácil construir dez ridículos e inúteis estádios de futebol do que atribuir uma reforma condigna a quem levou uma vida inteira trabalhando horas e horas a fio. Os tempos eram outros, dirão alguns, mas as democracias servem para isto mesmo, para restaurar a dignidade humana, dar espaço à memória, recuperar identidade, conciliando no presente a ambição do futuro.
No concelho de Odemira, contei histórias num lar, cujo o director estava felicíssimo porque tinha conseguido obter verbas para reparar os tacos de uma sala de cinco metros quadrados. Colar, afagar, envernizar, tão simplesmente complicado quanto isto. “Dá outro aconchego”, afirmava-me orgulhoso. Edifício de três pisos, sem elevador, cozinha funcionando na cave, não permite que o chão reparado seja usufruído pela maior parte dos inquilinos. Escadaria a perder de vista. Interpus, “Ascensor, pensam alguma vez…”, “Homem, aqui existem sonhos que nunca sonhamos”, retorquiu o director.
Sim, afirmou sua excelência, o rumo já o encontrámos. Se não for tomar muito do seu precioso tempo, solicito-lhe a morada do dito caminho, que sou eu mesmo a procurá-lo, não vá o velhaco mudar de casa sem a gente dar por isso. De qualquer maneira tal coisa afigura-se-me difícil de concretizar, pois com as prestações das casas a aumentar a olhos vistos… Só a minha, no corrente ano aumentou doze continhos de réis. Querem melhor rumo para acabar tesinho da silva, do que este?
Castro Verde. Sete vai ter parque de merendas
A Câmara de Castro Verde promove nesta quarta-feira, 6, a sessão de apresentação pública do projeto “Parque de Merendas do Jardim da Sete”, que representa