Voltamos ao tema da seca. Não por falta de matéria ou pura teimosia, mas sim porque este deve ser um assunto encarado por todos com seriedade quando se trata de vislumbrar o nosso futuro colectivo. As alterações climáticas deixaram de ser pura teoria científica e são hoje um facto incontornável. Uma realidade com que temos de saber lidar, o que implica, inclusive, termos a capacidade de alterar os nossos gestos na relação com a natureza.
Ainda esta semana o professor e investigador Filipe Duarte Santos alertou, numa conferência em Évora, para o avanço do deserto nos países do norte de África, o que leva a que Portugal comece a ter o clima de Marrocos, Argélia ou a Tunísia. “O deserto está a ser empurrado para norte. É essencial no sector da água ter esta mudança climática em conta”, acrescentou na ocasião o especialista em alterações climáticas.
Ou seja, a seca que enfrentamos hoje não é fruto do acaso. Ele deve-se a anos e anos de aquecimento global (o que sempre menosprezámos, fosse por incúria, desconhecimento ou outra razão que nos valha). Mas agora temos mesmo de nos debater com as suas nefastas consequências, a começar pela falta de água nas nossas barragens. O caso do Monte da Rocha é, aliás, paradigmático deste novo quadro, que muitos julgavam impensável há meia dúzia de meses: hoje a albufeira está com apenas 8,1% da sua capacidade e não há perspectivas de chuva no horizonte.
É por tudo isto que o anúncio (há muito desejado) de que o Alqueva irá chegar ao Monte da Rocha é uma grande notícia. Podia ter vindo mais cedo, é um facto, mas parece-nos bem que ainda chega a tempo. E a par desta obra é preciso que todos tenhamos consciência que também os nossos comportamentos têm de mudar. Poupar água é hoje fundamental. Para evitar que as nossas planícies se tornem em desertos áridos…

Mértola recebe Feira do Mel, Queijo e Pão
O mel, o queijo e o pão voltam a estar em destaque neste fim de semana, dias 25 a 27, em Mértola, numa feira organizada