Um bem precioso

Sexta-feira, 21 Janeiro, 2022

Carlos Pinto

JORNALISTA | DIRECTOR DO "CA"

No filme “Quantum of Solace” (2008), da saga 007, somos colocados perante um tirano sul-americano deposto que, para regressar ao poder, recorre aos serviços de uma multinacional do crime para espoletar uma revolução no país e “decapitar” o governo democrático entretanto eleito. Como contrapartida, o sindicato criminoso “apenas” exige ficar com a propriedade de uma vasta área de deserto no interior do país.
“Olhe que não há lá petróleo, já pesquisamos”, alerta o militar, de charuto mão, perante o sorriso cínico do vilão. Mais adiante no filme, ficamos a saber que no subsolo desse deserto não está o “ouro negro”, mas um bem mais precioso num país em seca acelerada: água!
Ainda que tudo isto não passe de mera ficção (pelo menos no que ao agente secreto James Bond diz respeito), esta história não deixa de ser uma possível antecipação dos tempos que podem estar para vir. As alterações climáticas são uma realidade cada vez mais evidente, assim como o é a seca que afeta – há muito – grande parte do território do Baixo Alentejo.
Como lhe contamos nesta edição do “CA”, a falta de chuva está a deixar desesperados os agricultores da região, sobretudo no sequeiro, sem água para as suas culturas. E entre aqueles que, no regadio, têm acesso à água proveniente do Alqueva, a hora é de “fazer contas”, pois os custos de produção vão inevitavelmente aumentar.
Perante tudo isto, parece óbvio que é necessário avançarmos rapidamente com uma estratégia bem definida – e que aproveite desde logo os fundos do PRR – para conseguirmos aumentar a capacidade de reserva de água na região. Se tal não acontecer, o futuro será cada vez mais… o deserto!

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