Acabo de ver na televisão a greve de fome dos jogadores do Rio Maior. Seis meses de ordenados em atraso, dramas e dificuldades familiares terríveis. Nos jornais de ontem, Luís Filipe Vieira comprava mais um futebolista brasileiro para o Benfica por 7,5 milhões de euros, fora os que já comprou e irá comprar, apesar dos milhões que os grandes clubes devem à banca. João Gobern, que faz crítica social todas as manhãs na Antena 1, não denuncia estes casos devido ao seu clubismo serôdio, a par de tantos outros jornalistas.
E esta é uma das muitas imagens da crise em Portugal. Muitos dos que vociferam contra Lopes da Mota, esquecem Dias Loureiro, que tem suspeições bem piores. Mas a d.ª Manuela diz que pela Europa não se fala noutra coisa que não seja no Freeport. E até o Bloco de Esquerda e a d.ª Ana Gomes deixaram de falar nos voos da CIA, outro caso que trazia a maioria dos portugueses preocupadíssimos e nervosos.
Temos mais desempregados do que nunca, a crise económica e financeira continua em todo o mundo e também na Europa, o Governo português tem tomado inúmeras medidas para minorar a crise, mas o sr. Jerónimo e o seu delfim Bernardino acham que tudo se resolve com mais uma grandiosa manifestação de rua, contra as políticas de direita do Partido Socialista.
Também na televisão, a impagável d.ª. Ilda, palrava acima de todos os eurodeputados, sobre as eleições europeias e da necessidade de reforçar a votação na CDU, para assumir uma política de ruptura(?), e a cada objecção dos outros eurodeputados, logo as classificava de “anticomunismo primário”. A senhora nunca vai perceber que bem pior é o seu “comunismo primário”, espelho de sociedades caducas como as de Cuba, Coreia do Norte ou da antiga União Soviética, que ao desmembrar-se encheu os prostíbulos europeus de raparigas do Leste. Era bom, por exemplo, que a d.ª. Ilda e o patusco do Bernardino falassem com os jovens médicos russos que trabalham nos nossos hospitais, e pudessem perceber o que são aqueles “paraísos”, para onde eles nunca mais querem voltar. Vamos a ver se algum dia, esta D. Ilda e o jovem Belarmino, não resolvem fugir à crise emigrando para aqueles países. Era com certeza uma atitude de esquerda. Claro que a crise dos “Madoffs”, dos “Rendeiros” e de todos os grandes especuladores mundiais veio trazer um novo alento a esta gente, às suas manifestações de rua e à política de mal dizer.
Mais complicado seria terem responsabilidades governativas e terem de resolver o desemprego diário, as falências das Quimondas e as dificuldades das Autoeuropas. E é triste ver a d.ª Manuela enveredar pelo mesmo tipo de oposição do “Paulinho das Feiras”, da CDU ou do Bloco de Esquerda. Merecer o poder implica fazer uma oposição responsável, apresentando propostas aos portugueses para melhor enfrentar a crise. Mas aquilo a que o país assiste é um pouco a imagem do futebol, onde o sr. Pinto da Costa recebe os árbitros em casa nas vésperas dos jogos sem ser condenado pelos tribunais, ou lhes manda “fruta” no fim dos jogos, saindo a sorrir dos julgamentos. Sem surpresa as sondagens mostram que os portugueses ainda têm menos apreço pelos juízes do que pelos políticos.
Para confundir ainda mais os portugueses, ficámos a saber que o dr. Vítor Constâncio não “actualizou” este ano em 5%,o seu vencimento no Banco de Portugal, nem dos restantes administradores. E o que a gente não percebe é como é que estes senhores têm o poder de decidir os seus próprios aumentos e como é que o Governo de um país pobre como Portugal continua a permitir ao seu governador ter o terceiro salário mais alto de todo o mundo, só inferior ao dos governadores dos bancos de Itália e de Hong Kong. Inadmissível e inaceitável, quando ainda por cima o sr. governador não se apercebeu dos sucessivos escândalos no BCP, no BPN e no BPP. Muito salário para tanta asneira, a querer dar muita razão a quem contesta o país das maiores desigualdades sociais de toda a Europa. E José Sócrates que muito tem feito e fez para moralizar tantos aspectos da nossa vida pública, não pode deixar de corrigir estes excessos e assimetrias, que não se justificam, criam mal estar e são lesivos do objectivo de construir um estado social mais justo, que não pode tolerar estas situações.
Por isso, se não percebe que neste país onde a banca dificulta cada vez mais os empréstimos para casa própria, e onde tantos casais acabam por ter de devolver as casas que não conseguem pagar aos bancos, se veja o sr. Luís Filipe Vieira e outros dirigentes de clubes endividados a gastarem todos os anos milhões em jogadores, para ganharem um simples campeonato de futebol, perdendo-se a moral e a verdade desportiva enquanto outros clubes não pagam aos jogadores e se vêm os dramas que passam nas televisões. Afinal, a lei não trata da mesma maneira os Filipes Vieiras que esbanjam dinheiro em mercenários da bola ou um jovem casal que quer um simples empréstimo para um modesto apartamento.
Como último flash televisivo, vi aqueles rapazes e raparigas de uma escola de arte, armadilhados de “piercings”, a insultar o primeiro-ministro chamando ao seu Governo de “fascista”. Já víramos miúdos mais pequenos, apito na boca, a insultar a ministra da Educação. E onde vai o primeiro-ministro em visita oficial lá estão alguns professores, cartazes na mão e as justas palavras de ordem, normalmente pouco recomendáveis. Mário Nogueira não pode estar mais orgulhoso da “qualidade” deste tipo de escola, da sua urbanidade e da espontaneidade destas manifestações. Aliás, já em 1975, no chamado Verão Quente, um pouco por todo o país, e os mesmos de sempre, procuravam com a agitação na rua, disfarçar a falta de votos e o apoio popular.
Tenho a certeza que os próximos actos eleitorais vão mostrar que a grande maioria dos portugueses, no silêncio do seu voto, vai continuar a escolher quem tem enfrentado a crise com seriedade, com determinação e acima de tudo com medidas. E acredito porque felizmente se vota em liberdade, numa escolha de valores e não de barulhos.

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