Tenho em mim os que não desistem. Os que persistem, ainda, em dar uso ao verbo crer. Que insistem em amar uma cidade, que muitas das vezes, tem mais vinagre na língua que imparcialidade na crítica. Os que insistem em criar, fazer, construir algo, não para pavonear o ego, mas sim para criar espaços que associados à cidade onde vivem a ajudem a projectar dentro e fora de portas. E que me permitam dizê-lo, sejam direccionados fundamentalmente para nós, bejenses. E de diferença, porque alicerçados num conceito próprio fora do comodismo normal, são autonomamente empreendedores e dinamizadores, consoante as suas peculiares características, de actividades culturais, sociais, gastronómicas, etc… Que assumem à nascença a pretensão de construir soluções que minimizem algumas das lacunas que são frequentemente comuns de ouvir aos nossos cidadãos. Fazem-nos falta, muitas coisas, mas acima de tudo faz-nos muita falta, aderir para exigir. A nossa cultura diária não se deve limitar apenas à prática dos copos de vinho, do pão e do petisco. Fazem-nos falta espaços de tertúlia, de discussão, de partilha de ideias e projectos. Espaços que envolvam pessoas, que as valorizem, que as desafiem. Espaços construídos em conjunto. Que contribuam para que o orgulho por esta terra cresça e se consolide a olhos vistos. Saúde-se então o aparecimento na nossa cidade, nos últimos três ou quatro anos de algum comércio, curiosamente “tradicional”, de qualidade, quer pela inovação, quer pelos horários praticados, quer pela actividade produzida. Café-Concerto Alter-Eco; Galeria do Desassossego, a Enoteca (finalmente numa terra produtora de vinho, uma casa que o celebra), o novo Jardim do Bacalhau, a Loja do Mestre Cacau, as Maltesinhas, a Livraria Café – Páginas à Margem. E é desta última que gostaria de deixar umas breves linhas antes de terminar. Espaço que abriu recentemente, no passado dia 10 de Março, sob minha gerência, concilia livros e o gosto pela leitura com o prazer de um bom vinho. Copos com texto ou texto com copos, como quiserem. Está à disposição do freguês, de terça a domingo, das 10h00 às 23h00. Os livros são para venda, mas pode consultá-los, desde que o faça com redobrado cuidado. Quando me perguntaram e me perguntarem o porquê de abrir um negócio tão difícil neste país e mais ainda numa cidade do interior, respondi e respondo sempre da mesma maneira, com o lema da casa: SEMEAMOS UTOPIAS FRESCAS.
Odemira recebe Conferência de Arte e Saúde Mental
A Associação de Paralisia Cerebral de Odemira (APCO) promove nesta quinta-feira, 10, a primeira edição da Conferência de Arte e Saúde Mental do Concelho de