Uma das expressões que mais tenho escutado nos últimos dias é “ajuda” externa. Mas pergunto-me: “ajuda” em quê? “Ajuda” a quem? Não se trata de uma “ajuda”, mas sim de uma ameaça, uma ingerência, uma intervenção estrangeira no nosso país, ao serviço dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros (esses sim ajudados) que o Fundo Monetário Internacional (FMI), a União Europeia (UE) e o Banco Central Europeu (BCE) se preparam para impor aos trabalhadores e ao povo português, com a bênção de PS, PSD e CDS-PP.
Esta intervenção externa e o que lhe está associado – roubo nos salários, cortes nas prestações sociais, redução das funções sociais do Estado, privatizações, recessão – é um processo que, não resolvendo nenhum problema do país, constituirá um novo e mais grave factor de agravamento da exploração dos trabalhadores, de ampliação da injustiça e desigualdades sociais, de declínio económico e de dependência externa.
Perante este rumo desastroso e num momento crucial para o país, é preciso dizer não! Dizer não a este caminho de afundamento e de comprometimento do futuro de Portugal. E afirmar que não tem de ser como nos querem vender, que este caminho não é inevitável, que há outra solução. Há alternativa! Com uma política patriótica e de esquerda, o que no imediato impõe a renegociação da dívida externa (prazos, juros e montantes); a diversificação das fontes de financiamento; a acção convergente com outros países vítimas da especulação financeira e do euro; a aposta na produção nacional (produzir mais para dever menos); a redução das importações, a par do aumento das exportações e a diversificação das relações comerciais.
<b>Queremos o Aeroporto a funcionar … a sério!</b>
No momento da publicação desta edição devem estar a regressar os passageiros do chamado voo pré-inaugural do aeroporto de Beja com destino a Cabo Verde. Após uma cerimónia toda engalanada, de muitos holofotes e flashes, poder-se-ia deduzir que haveria razões de sobra para estarmos todos satisfeitos, mas infelizmente as portas fechadas, a ausência de trabalhadores, de passageiros e de aviões não o permite. Bastava lá voltar entre os dias da partida e da chegada para estar de volta à dura realidade com a qual se confronta o aeroporto, que há muito deveria estar ao serviço das populações e constituir uma obra fundamental para a criação de emprego e para o desenvolvimento regional, mas que continua mergulhado em atrasos, indefinições e ausências de estratégia que comprometem o seu correcto e integral aproveitamento.
Mais do que voos simbólicos de duvidosas razões e acções de propaganda, até com “direito” à presença de membros do Governo e seus quejandos, até tendo em conta o actual momento político pré-eleitoral, o que faz falta é resolver o que está por resolver, designadamente a certificação, para que o aeroporto comece a funcionar e seja, de facto, colocado ao serviço da região. Faz falta um modelo de gestão pública do aeroporto, com a participação das instituições representativas da região, que assegure as condições necessárias ao rápido aproveitamento de todas as suas potencialidades para transporte de passageiros e carga e a instalação de um cluster associado às actividades aeronáuticas que contribua para a dinamização empresarial local. Estes são passos fundamentais para termos o aeroporto de Beja a funcionar … a sério!
Por fim, uma nota: façamos do 25 de Abril e do 1º de Maio momentos de luta concreta pela democracia, pela liberdade, pelos direitos dos trabalhadores e do povo, que tanto têm sido atacados pela política de direita de sucessivos governos.