Antes de começar este artigo convém, ou talvez não, retirar da entrevista de Otelo Saraiva de Carvalho à Agencia Lusa algumas coisas que nos fazem pensar: “Para o “capitão de Abril” Otelo Saraiva de Carvalho bastam 800 militares para derrubar um governo, mas “um novo 25 de Abril” só deverá acontecer com a perda de direitos dos militares.” … Otelo Saraiva de Carvalho lembrou que o movimento dos capitães (que originou o 25 de Abril) iniciou-se precisamente por “razões corporativistas”.
Não dá para aceitar que a liberdade de que hoje gozamos possa estar associada a “razões corporativistas”, eu que não “vivi” (tinha 4 anos) o momento libertador, como toda a minha geração e as gerações depois de mim não podem ter desse momento uma visão oportunista de uma determinada classe profissional ou uma visão de mero expediente reivindicativo. E isto é muito mais importante do que se possa pensar do ponto de vista do imaginário e do ideário, mais para mais nos tempos que correm.
Eu não posso alterar, assim de uma assentada, a visão romântica que tenho sobre um momento de que me orgulho e que foi exemplo para todo o mundo! Exemplo de Portugal aos outros povos, de uma revolução sem sangue, a revolução dos cravos. Afinal a revolução de Abril é/foi uma luta pela subida na carreira de oficial do exército!?!? Recuso aceitar esta ideia!
Porque se aproxima a data da liberdade e porque se aproxima a Páscoa (para os católicos) é interessante perceber que o simbolismo associado à Páscoa (sacrifício) e ao 25 de Abril (liberdade) seja uma conjugação feliz e inspiradora para os tempos que se aproximam, não porque o número de pessoas inscritas nos centros de emprego (desempregados) não tenha diminuído (-3,5%), não porque os objectivos de diminuição da despesa pública não estejam a ser alcançados (nunca tínhamos alcançado resultados positivos nas contas públicas) e não porque as nossas taxas de exportação não continuem a bater recordes (+20%). Isto não porque já ninguém liga a estes números que são os resultados dos esforços que já todos estamos a fazer.
Hoje o desporto nacional de comentadores, políticos, economistas e povo em geral é adivinhar, sugerir ou movimentar-se (fazer lóbi) para que o FMI e/ou UE nos apliquem a receita certa de medidas que nos irão atirar para um bom par de anos com crescimento negativo e de total aperto para que (alguém adivinha?) seja disponibilizada liquidez orçamental para pagarmos aos nossos credores. Resumindo, o FMI e a UE, serão os mandatários dos nossos credores para que não deixemos de, em primeiro lugar, pagarmos a quem devemos. Isto até está bem, faz sentido mas vai custar muito.
A história, desde a nossa fundação como país, já nos ensinou que estes problemas de sustentabilidade são constantes, muitos, em muitas alturas da nossa história, admitiram que Portugal era um país inviável e improvável, mas, Portugal lá vai com mais de 800 anos de uma apaixonante história para contar.
Talvez o anúncio da “Sagres” (passo a publicidade) seja mais inspirador quando diz que: “Somos festivaleiros, somos todos doutores, somos aventureiros, somos Portugal”. Pois é! Pois somos! A malta do Norte da Europa é que não entende este nosso modo de vida!
PS de Castro Verde acusa CDU de instrumentalizar freguesias
A Concelhia de Castro Verde do PS acusa a CDU local de estar a instrumentalizar as freguesias que lidera no concelho, “para ganhar benefícios políticos”.