Usando a terminologia antiga – províncias –, quero referir todos os territórios urbanos diversos e de locais campesinos, à excepção das áreas metropolitanas. Também designado de interior despovoado.
Por múltiplas razões, considero que estes territórios são uma oportunidade de desenvolvimento sustentado e combate às crises, em benefício de todos. Depois das políticas de concentração e especialização, que deram o que deram, há que apostar nos territórios e locais, ainda amplos e livres, como espaços de inovação e diversificação económica e social. Poderemos conciliar produtividade com sustentabilidade.
Justificando o afirmado, passo a enunciar os fundamentos. Um a um.
> As províncias, não tendo sofrido os embates “estilhaçantes” do crescimento económico, desregulado e tendo hoje infra-estruturas materiais e organizacionais modernas, constituem terrenos privilegiados para novos, inovadores e diversos projectos empresariais e sociais que, superando os modelos do século passado, respondam às necessidades e desafios deste nosso novo milénio;
> Tendo voltado a, explicitamente, estar na ordem do dia a agenda agro-alimentar, no quadro da intervenção pela sustentabilidade, as províncias contém os vastos campos para o desenvolvimento duma nova cultura nesta fileira, casando tradição com futurismo em resposta aos desafios actuais e vindouros;
> Perante a exigência duma reestruturação do ordenamento do território nacional, no quadro de desafiantes vias de comunicação, virtuais e físicas, são as províncias que podem abraçar a expansão ordenada de inovadores projectos urbanísticos que, com racionalidade económica, respondam às novas aspirações de espaços habitacionais comunitários seguros;
> Face à forte expansão da procura turística e de residência em espaços de baixas densidades demográficas, com boas condições ambientais, as províncias poderão albergar ofertas adequadas, de pendor cultural, geradores de empregos e de massa crítica de recursos humanos qualificados;
> Perante o congestionamento e desordenamento das áreas metropolitanas, geradores de conflitualidades sociais, insegurança pública e fortes custos urbanísticos, é imprescindível parar a concentração e crescimento populacional, empresarial e de serviços públicos, o que só tem o caminho de aposta consistente, do Estado e sociedade, no desenvolvimento equilibrado e sustentável economicamente das nossas províncias.
As oportunidades existem. Não são soluções milagrosas e certeiras, que não existem, para superar todos os enormes desafios que esta encruzilhada civilizacional reclama. Não acontecerão “por obra e graça do espírito santo”!
Estas oportunidades têm que motivar os dirigentes políticos e sociais a serem impulsionadores de medidas políticas e intervenções, progressivas e persistentes, que potencializem e sugiram uma equilibrada, racional e futurista utilização dos nossos territórios, apostando no empreendedorismo económico e cidadão.
Aceitamos este desafio? Eu aposto!