O título que escolhi para a minha crónica nesta edição do “Correio Alentejo” tem a ver com a postura que eu defendo quando me questionam sobre as consequências do meu desempenho enquanto deputado da nação. Digo, e repito, que o mais importante, logo que termine o mandato – não importa a questão temporal – é poder andar pelas ruas de Beja de cara levantada.
Não quero ser olhado como “gato vendido por lebre”. Por outras palavras: não tenho dois discursos ou dois tipos de comportamento sobre um mesmo compromisso: um antes das últimas eleições legislativas, outro agora no parlamento.
Aceito a crítica por muitas razões, mas seria doloroso para mim concluir que as pessoas se sentiam enganadas com o meu posicionamento cívico e político.
Um exemplo: a luta pela permanência da ligação do comboio Intercidades Beja-Lisboa tem revelado demasiados equívocos e algumas mudanças de casaca. Deparamo-nos com responsáveis políticos, tanto a nível local como nacional, que olharam, num primeiro instante, o movimento “Beja Merece” de soslaio e até com indiferença, e depois colaram-se à causa das bases para não ficar pelo caminho, tentando escamotear a pirueta que deram.
É óbvio que este comportamento não passou despercebido. O problema é que, por vezes, e com demasiada facilidade, se colam etiquetas a quem desempenha funções políticas.
Eu sei que o passivo é pesado. Que a credibilidade de algumas figuras públicas anda pelas ruas da amargura e continua a haver os chamados “rolha”, aqueles que andam sempre à tona d’água por mais violento que seja o temporal.
Como dizia o actual ministro das Finanças quando se enganou no nome do deputado comunista, chamando-lhe José Honório, ele pediu desculpa e emendou a mão dizendo “eu sou novo nestas lides”.
É verdade. Eu também sou novo como deputado, mas já levo uns anos razoáveis na luta política por aquilo em que acredito. Sei onde estou e ao que vou. Mesmo assim, tenho observado como persistem as tentativas de me colarem o selo como se fosse “ mais do mesmo”.
Sei que vai custar a ver diferenças. À partida, estou marcado pelo simples facto de ser o que sou politicamente, mas quando se fizer o balanço do deve e haver, alguém terá de rectificar as contas sobre o meu desempenho.
É óbvio que, no entretanto, não devo e não quero alimentar equívocos ou suspeições, nem perderei tempo nos compassos de espera.
Quero com isto dizer que as dúvidas levantadas com a minha intervenção na Assembleia da República, quando foi discutida a petição que ontem [quinta-feira, 8] foi votada, tenho de as esclarecer num ponto importante. Em circunstância alguma, nem na véspera das últimas eleições, me comprometi com realidades virtuais. O deputado e o cidadão Mário Simões nunca se comprometeu em colocar “a todo o vapor” a electificação do troço ferroviário entre Casa Branca/Beja/ Funcheira.
O compromisso eleitoral do PSD de Beja foi claro: tudo fazer para que fosse elaborado um estudo de viabilidade com vista à electrificação da ligação Casa Branca/Beja.
Quem procura ter uma verdadeira noção da realidade concluiria rapidamente que a electrificação da via não poderia ser para “já”.
Tanto o desejo, como o sonho, possibilitam todo o tipo de realizações. A realidade é mais dura de roer e nem se pode contornar.
Os lideres do “Beja Merece” sabem que foi quase imediata a reunião com o secretário de Estado dos Transportes, pouco tempo depois de ter sido empossado. O compromisso então assumido respeitou integralmente o programa eleitoral do PSD de Beja.
Não vale a pena distorcer os factos, como se está tentar fazer. O actual Governo tem as suas prioridades, que, honestamente, em algumas matérias, não são as de Mário Simões. Contudo, ao deputado do PSD de Beja não estão atribuídas responsabilidades de governação, mas não enjeito as minhas responsabilidades reivindicativas sobre um projecto que é legítimo, justo e necessário a região.
O Intercidades tem de regressar a Beja. E ninguém me verá a defender o contrário. Beja Merece-o.
É este o registo que quero deixar escrito, como também costumo dizer “preto no branco”, precisamente porque ninguém poderá apagar o que escrevi. E o que acabei de escrever compromete-me para o futuro. Aos olhos de todos, e pela mesma razão que suporta o título da minha crónica. O respeito que devo a quem elegeu um deputado do PSD obrigam-me a cumprir o que prometi. E nunca farei nada para, mais adiante, vir dizer o contrário, sob pena de cair no ridículo e no descrédito.

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