O sr. governador civil do distrito de Beja, general Manuel Monge, tem assentado o seu mandato pela acutilância e discrição das suas decisões, mas também pela justeza e frontalidade com que coloca as questões. Esta análise não é apenas minha, tem-se forjado ao longo dos meses pelos comentários e pelas análises que tenho tido oportunidade de escutar e de ler, quer com os cidadãos comuns, quer na comunicação social.
E foi assim, mais uma vez, que interpretei as palavras do governador quanto à cedência do autocarro, por parte da Câmara Municipal de Beja, ao Sindicato dos Professores da Zona Sul, a fim de participarem na manifestação em Lisboa.
A dúvida do governador pareceu-me legítima, a autarquia respondeu com os seus argumentos, ponto final!
Ponto final? Isso pensava eu!
Passados poucos dias assistimos a uma série de comentários por parte de Lopes Guerreiro, demonstrando um nervosismo e uma preocupação pouco habituais em quem até costuma demonstrar algum bom senso nas suas análises.
<b><i>Afirma Lopes Guerreiro que a questão do empréstimo dos autocarros revela uma “atitude imprópria”, sendo apenas um “motivo para abrir um conflito”, que estamos a assistir à “transformação do Governo Civil numa espécie de comissão eleitoral do PS para as próximas autárquicas” e “caso Manuel Monge esteja a preparar uma candidatura à Câmara de Beja, a concretizar-se “deveria afastar-se do cargo que ocupa”. </i></b>
Esta reacção tão violenta e descabida a um mero questionamento que me pareceu justo e que merecia ser colocado, apenas vem reforçar a ideia que o governador pôs o “dedo na ferida” e que o empréstimo ao Sindicato dos Professores, porventura politicamente explicável, é de difícil compreensão para o comum dos cidadãos.
A reacção de Lopes Guerreiro talvez tenha explicação no próprio incómodo que o mesmo deve ter sentido ao saber do episódio, mas não justifica a tentativa de desviar as atenções para critérios meramente politico-partidários.
Tenho a certeza que a frontalidade e o rigor que têm caracterizado a passagem do general Monge pelo Governo Civil estarão presentes em eventuais decisões políticas que o mesmo venha, ou não, a tomar no futuro, mas por aquilo que tenho podido acompanhar serão sempre palavras “com os pontos nos is”.