Crise galáctica, crise mundial, crise nacional, crise local, crise financeira, crise política, crise empresarial, crise familiar, crise de valores, planos de austeridade, planos de poupança, redução das despesas, etc., etc. A gramática da crise e o seu imaginário são muitas vezes uma espécie de fetiche legitimatório e vitimizador que desculpabiliza a apatia e a falta de coragem política. As câmaras municipais afinam pelo mesmo diapasão e a de Beja não foge ao contágio. Independentemente dos valores exactos da herança endividada, da diminuição das receitas e do saneamento financeiro da autarquia, a verdade é que há diversas medidas e iniciativas de “baixo custo”. De baixo custo absoluto ou de baixo custo relativo, comparativamente com outras acções bem mais onerosas. E a verdade é que daqui a pouco este executivo faz um ano de mandato e as esperanças e expectativas nele depositadas começam a frustrar-se… As propostas que aqui deixo, estão longe de serem vitais, à mesma distância que estão de serem financeiramente inviáveis:
> Criação da figura do provedor do munícipe. Nomeação de uma personalidade independente, de reconhecido prestígio e relevância cívica, dialogante e interveniente, capaz de auscultar os munícipes, canalizar demandas e exercer magistério de influência junto do executivo. Bastava um pequeno gabinete para atendimento presencial e um site interactivo filiado no site da Câmara.
> Renovar radicalmente o site da Câmara de Beja, introduzindo-lhe novas valências e funcionalidades informativas e interactivas.
> Criar um programa de estímulo e promoção da criação artística local, traduzido em apoios à formação técnica, aquisição de material, edição, divulgação, e integração das criações artísticas locais na programação dos equipamentos culturais da cidade.
> Intensificar e criar instrumentos de democracia electrónica e transparência governativa, envolvendo os cidadãos nos processos de tomada de decisão e disponibilizando publicamente toda a informação (valores, critérios, objectivos) relativa a despesas, investimentos, subsídios, receitas, contratação de pessoal, etc.
> Criar um programa de animação da Casa da Cultura (com o apoio de patrocinadores locais, numa sinergia promocional), devolvendo aquele espaço à regularidade de espectáculos mais intimistas e circunscritos: concertos de jazz, música alternativa, dança, recitais de poesia, saraus multimédia e performativos, etc.
> Substituir os responsáveis por alguns espaços culturais municipais. A senhora que ficou a dirigir a Biblioteca Municipal de Beja é um agoniante deserto de ideias e o cargo não se compadece com a exuberante reverência politicamente correcta. E agravou-se o declínio que maculou a Biblioteca nos últimos anos. À frente dos destinos do Pax Julia continua um equívoco, absurdamente ratificado ano após ano. O actual director é inapto para dirigir e programar estrategicamente um equipamento cultural daquela importância e vai-se incrustando na dolente dormência dos responsáveis políticos. Assim, nada muda de substancial, mesmo que se inventem umas designações enfáticas para arrumar a programação “mais do mesmo”. E quem programa a Galeria dos Escudeiros e Casa das Artes Jorge Vieira é incapaz de inverter a invisibilidade daqueles espaços e de imprimir-lhes a dinâmica e a novidade necessárias para projectá-los no contexto local e regional.

Obras de requalificação no bairro Beja II
A Câmara de Beja já tem a decorrer as obras de reabilitação de 13 apartamentos, sete dos quais devolutos, no bairro Beja II, empreitada avaliada