Desde que foi restituída a democracia ao povo português, e que este pôde exercer livremente o direito de eleger por voto secreto e universal os que o representam na Assembleia da República, mais de 60 deputados das várias forças políticas foram eleitos pelo círculo de Beja.
Pelos indícios que vou colhendo, parece que o deputado eleito nas listas do PSD, nas últimas legislativas, já está sujeito a um escrutínio como muito poucos o foram até aos dias de hoje.
Ainda mal aqueceu o lugar, já lhe estão a ser definidas obrigações e tarefas, como se de repente um deputado tivesse um peso institucional e político que ninguém tinha vislumbrado até aqui.
O povo do distrito de Beja elegeu deputados, não elegeu nem o primeiro-ministro nem o presidente da Comissão Europeia.
Nada que me espante, confesso. Basta perceber o porquê das desmesuradas exigências, como se o deputado social-democrata eleito por Beja tivesse que prestar provas que não são extensíveis a outros deputados de outras forças políticas. Mais parece que o PSD tem de pagar pela “afronta” de ter conseguido eleger por uma confortável votação o seu deputado, como não o fazia há 16 anos.
E de repente descobriu-se que há tanta coisa para fazer, que parece ser de novo o tempo do “já”, da “revolução a todo o vapor”.
Sejamos razoáveis na definição do peso e da importância do papel de deputado. Pode alguma coisa. Mas este poder advêm-lhes, acima de tudo, da capacidade de trabalho e de esforço que venha a demonstrar no desempenho da sua tarefa.
Com efeito, não conheço outra fórmula para respeitar a confiança dos que elegeram o deputado social-democrata que não derive do trabalho e da sua ligação aos eleitores.
Também o secretário de Estado Carlos Moedas passou a ser visado, como se tivesse nas mãos as respostas e as soluções para os problemas que outros não resolveram porque não quiseram ou não foram capazes.
Manda o bom senso que se tenha noção dos limites, para não se passar a exigir o que não se exigiu a outros responsáveis políticos.
O problema é que algumas figuras da nossa terra mandam às urtigas o bom senso. Elas têm uma programação bem delineada. O adversário é para a abater antes que faça algo de útil. Nem se dão ao cuidado de lamber as feridas que lhes ficaram das eleições de 5 de Junho.
A mudança está a acontecer. Era forçoso que acontecesse, antes que fosse tarde.
O deputado do PSD não se limitará ao papel de sentado no parlamento, vendo as horas passar. Aliás, esta é outra das grandes tarefas que temos pela frente: recuperar a importância e o papel do parlamento português, libertando-o das marcas negativas que lhe foram coladas ao longo dos últimos anos.
Mas o deputado do PSD não é, nem aceitará ser, uma figura isolada, disposta a só por si suprir as lacunas graves que quase estiolaram a representatividade democrática.
O deputado social-democrata nunca será um homem só. Faz parte de um partido que alguns acusam de direita, de querer acabar com o Estado Social. Mas as bandeiras sociais, para os que ainda se considerem seus únicos portadores, são bandeiras universais. Podem ficar nas mãos de quem delas faça o seu bom uso.
E nós, PSD do Baixo Alentejo, faremos questão disso. O Partido Social Democrata será chamado como um todo para esse trabalho imenso. Não vai haver lugar para os observadores à distância. Quem é militante tem de o assumir. É um imperativo de consciência que dispensa as orientações estatutárias. Aliás, estas serão sempre uma consequência daquela.
Perseguimos mudanças profundas, que têm de ir contra o paradigma que desacreditou os partidos aos olhos dos portugueses. Temos a razão e o tempo do nosso lado. E um deputado pode apenas fazer alguma coisa. O resto de quase tudo compete ao PSD, partido que pretendemos profundamente enraizado nos alentejanos. Mas temos de fazer por isso. Com acções concretas, com exemplos, com práticas de vida.
O deputado social-democrata tem muito mais que fazer do que limitar-se a tarefas de cortesia. O tempo provará o que fica aqui escrito, preto no branco, num tempo de grandes dificuldades e de enorme sofrimento para cada vez mais milhares de alentejanos.
Como diz o povo, se quisermos ser respeitados temos de nos dar ao respeito.

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