Francisco Louçã decidiu seguir os exemplos de Cavaco Silva na escolha do Facebook para as suas comunicações oficiais. Foi assim o caso da mensagem aos “activistas e ao povo do Bloco de Esquerda”.
A mensagem é bem mais que o anúncio da sua saída da liderança do BE. À boa maneira do “politburo” condiciona a sua sucessão na liderança, exortando a uma prática intolerável para os princípios democráticos que tanto apregoa.
Mas já nos vamos habituando que aqueles que mais enaltecem os valores da democracia são os que os ferem com maior naturalidade e violência. Estes e muitos outros aspectos dos órfãos de Trotsky e Brejnev podem até ter a sua piada e, sobretudo, muita ironia. Mas são as suas acções e, muitas vezes, a sua oratória que condicionam e manipulam as opiniões das massas. É assim desde o tempo da agitação e propaganda, em que são pródigos.
É neste momento que importa recordar que o BE, com o vigor oratório e inflamado de Louçã, e também o PCP, são responsáveis pela queda do Governo do PS e, consequentemente, pela entrega do poder à direita mais conservadora e impreparada para governar de que há memória.
E porque o fizeram? Porque em causa estava a conquista de poder eleitoral, a gestão desse precioso néctar que os motiva na sobrevivência das suas vaidades, promovendo o descontentamento e agudizando as dificuldades dos portugueses para que subsista espaço para as suas reivindicações demagógicas. De outra forma quem os levaria a sério?
A “santa aliança” do BE e PCP com a direita durante os seis anos de governação do PS são exemplo silenciado disto mesmo. E atingiram o auge com a apresentação da moção de censura ao Governo e o “chumbo” do PEC4, respectivamente.
E desde então é vê-los como defensores do Estado Social que o Governo ataca, do SNS que o Governo desmembra, dos desempregados que o Governo promoveu com as medidas conhecidas e das PME que o Governo asfixia, entre outros.
Agora, pelo Facebook, Louçã propõe uma liderança bicéfala para o BE. Condiciona a democraticidade interna revelando o que são os seus verdadeiros pensamentos, as suas práticas e o que aconteceria se um dia o poder lhes chegasse às mãos. Ou seja, para Louçã e para o BE o poder é uma brincadeira, um jogo de tabuleiro que diverte e estimula a mente, mas que seca o corpo.
E olhando para o Bloco e para a visão democrática (?!) de Louçã entendem-se os comportamentos do passado, as contradições disfarçadas numa comunicação social complacente e a ligeireza da oratória, encenada pelo tribuno de camisa aberta.
O país perde de cada vez que os homens se impõem como salvadores da moral, da ética e dos valores e claudicam perante o poder. E Louçã revelou-se, revelando consigo o Bloco de Esquerda. Em suma, Louçã bloqueou o Bloco, depois de ter bloqueado o país!

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