Certo dia, passava os olhos pelo extinto semanário desportivo “Topo Sul” e reencontrava muitas caras conhecidas, mas com os rostos bem mais joviais, com menos rugas e cabelos mais fartos. Apercebi-me então o quanto envelhecemos durante 10, 15 anos ou de como o tempo pode alterar drasticamente muita da nossa fisionomia.
Mas esta viagem pelo passado recente da região – ainda que filtrado pelas páginas de um jornal desportivo – serviu, igualmente, para constatar algo que é por demais evidente: somos cada vez menos. E quase sempre os mesmos a fazer as mesmas coisas. Dos jornalistas aos futebolistas. Dos políticos aos treinadores. Dos empresários aos dirigentes. E estes são sinais preocupantes para uma região que se encontra ainda no limbo entre o desejado desenvolvimento sustentado e a anunciada desertificação humana.
Com o passar dos anos, o Baixo Alentejo não soube renovar as suas gerações nem tão pouco segurar os poucos jovens que por cá nasceram. E com o avançar dos tempos, a região envelheceu, tornou-se depressiva e azeda, incapaz de encontrar alternativas que a catapultassem para outros estádios de desenvolvimento. Será culpa dos governos? Talvez… Dos políticos? Também… Mas a culpa é, sobretudo, de todos nós!
Mais que a falta de dinâmica económica, a região deixou-se enredar numa preocupante crise humana, sem pessoas interessadas e despidas de causas. Como escrevi no início do ano, nos tempos em que as dificuldades eram muitas e as condições de trabalho poucas, era comum os baixo-alentejanos abraçarem com vigor a causa das associações das suas terras. Mas hoje são poucos aqueles que disponibilizam o seu escasso tempo para o bem comum. Será apenas desinteresse ou também desilusão?
Neste quadro pardo, é difícil apontar soluções de forma clara e executá-las de maneira ainda mais eficaz. Afinal, este é um problema civilizacional, que atravessa o mundo de lés-a-lés e se torna ainda mais evidente no Baixo Alentejo. Mas há que combatê-lo. Desde logo na escola, apostando na formação e no civismo. E depois no seio das próprias colectividades, estimulando os mais novos a participarem de forma activa na sua vida e não fechando os “gabinetes do poder” à crítica ou restringindo-os aos “suspeitos do costume”. Pois se nem os diamantes são eternos, porque só agora alguns dirigentes compreenderam isso?
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