Nestes tempos difíceis que vivemos, em que o país e o mundo se encontram numa confusão que ninguém entende, ou consegue ver um fim à vista – “Nem um túnel, quanto mais a luzinha no seu fim!”, eis que chega o Natal e tudo fica (como é que hei-de dizer sem parecer lamechas ou falso) PIOR!
Não há espírito natalício que resista aos sacrifícios que passamos e à antevisão daqueles que nos esperam nos próximos anos. Ficarmos sem dinheiro, emprego, perspectivas ou fé nesta altura é muito mais difícil de suportar. Torna-se muito difícil encontrar algum tipo de consolo na Mensagem própria do Advento que é “Glória a Deus nas alturas, e Paz na Terra aos Homens de boa vontade”. Primeiro Deus não anda muito bem cotado pelas “Standard’s & Poor’s” cá do sítio para andarmos por aí a dar-lhe glórias ou ao seu Filho (já se for o do Benfica a coisa pode valer a pena). Paz na terra também é uma coisa que neste momento de luta só pode interessar aos reaccionários do governo e apaniguados. Homens de boa vontade só podem estar a brincar, onde é que eles estão? “O Sr. Dr. Salazar já morreu, o Sr. Dr. Cunhal também e o General (ou lá o que é) Otelo também já não se sente muito bem…”
Peço desculpa pelo optimismo e bonomia que percorrem este escrito até aqui mas prometo que a coisa pode piorar com a pequena história de Natal que se segue, e que garanto é absolutamente verídica.
Há uns anos numa escola primária do interior profundo do nosso país, foi organizada uma campanha de Natal de recolha de prendas por uma O.N.G., tendo sido explicado aos alunos que os destinatários eram meninos de cor. Pais e filhos imbuídos do melhor espírito natalício participaram na escolha dos presentes sempre orientados por diligentes “especialistas” no assunto que explicavam, sobretudo às crianças, o contexto difícil das pobres crianças de cor. Chegado o dia, lá se mandaram os presentes e mais uma vez os tais “entendidos” elucidaram a pequena comunidade das virtualidades das oferendas sobre o Natal dos meninos de cor e das alegrias certamente sentidas.
Com as emoções do Natal e do Ano Novo e o desprendimento de quem faz o bem sem olhar a quem, a iniciativa caiu no esquecimento de todos, até ao dia em que chegou à escola a notícia de que os meninos de cor tinham enviado uma emocionada mensagem filmada de agradecimento aos seus benfeitores. A expectativa das crianças, foi enorme, pois iam finalmente conhecer os alvos da sua generosidade, os seus irmãos de cor. Por isso foi com enorme surpresa que os pais viram a maior das desilusões estampada nos rostos dos seus rebentos quando os foram esperar à escola.
Depois de inquiridos pelos motivos de tal desânimo, a bomba caiu sobre todos os pais, quando um dos petizes disse: “Sabem de que cor são os meninos de cor? São pretos, todos…”.
Esta é a minha mensagem de Natal para o Governo: “Podemos ter as melhores intenções, os motivos mais nobres e elevados valores mas se não explicarmos tudo muito bem podemos sempre causar grandes desilusões.”
Para todos um Santo Natal, que Deus nos ilumine e nos dê tudo aquilo que desejamos e nos faça melhores.
(Este texto deve ser lido ao som de “Fairy Tale Of New York” cantada pelos Pogues)
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