A11 de Março de 2010 a European Association of Institutions in Higher Education (EURASHE), no seu documento “EURASHE 10 commitments for the European higher education area in 2020”, apresentado em Budapeste, aponta a dimensão da internacionalização como uma estratégia fundamental para o desenvolvimento e concretização do espaço Bolonha.
A dimensão internacional constitui-se como uma preocupação e um desafio para o sector do ensino superior por todo o mundo (Knight, 2006, p. 11). Para ultrapassar o desafio, que condições deve o Instituto Politécnico de Beja possuir?
Na mesma linha de pensamento de Knight (2006) diríamos que deverá ter: I) Reputação e Reconhecimento Internacional; II) Alianças estratégicas; III) Qualidade do ensino/investigação e níveis de internacionalização; IV)Desenvolvimento pessoal e profissional do corpo docente; V) Investigação e desenvolvimento de qualidade.
A dimensão internacional do IPBeja, deve ser entendida no quadro destes pressupostos, assumindo-se que a mesma tem um papel fundamental na preparação de quadros para a vida numa sociedade multicultural e é uma garantia de qualidade institucional.
O Instituto Politécnico de Beja (IPBeja) encontra-se numa fase de renovação que, através dos seus novos estatutos, publicados em 2 de Setembro de 2008, implicou uma mudança significativa para todos.
Internacionalizar o Instituto é um desafio emergente. A concretização do espaço europeu do ensino superior constitui para nós enorme desafio, exigindo uma postura activa de relacionamento e intercâmbio com outras instituições congéneres, tanto a nível europeu como internacional.
Por outro lado, são inúmeras as oportunidades específicas ao Instituto, que serão factor importante na consolidação da sua estratégia de internacionalização:
• Integração na designada “região do conhecimento sul”, com as possibilidades que derivam do eixo Algarve-Huelva-Sevilha;
• Necessidades crescentes de formação ao longo da vida;
• Possibilidade de criação de uma rede alargada de ensino superior tendo em vista a exploração de projectos sinergéticos;
• A tradição e a ligação histórica aos Palop e ao Brasil (Lusofonia) pode configurar novos cenários de intervenção.
Assume-se assim que as opções estratégicas para o futuro devem ser reflectidas tendo em consideração a questão: que modelo de internacionalização deve ser considerado para o IPBeja para uma resposta efectiva aos desafios da organização e do contexto em que o mesmo se insere?
Três vertentes deverão ser consideradas:
I) Potenciar as redes de cooperação internacional em domínios estratégicos de actuação.
Apostar em redes de cooperação nacionais e internacionais, bem como divulgar as actividades e projectos desenvolvidos pelo IPBeja e apostar na imagem e comunicação da instituição junto do mercado-alvo e dos stakeholders.
II) Reforçar as parcerias estratégicas para o enriquecimento do perfil da oferta formativa ao nível dos mestrados profissionalizantes, formação contínua e formação pós-graduada.
Consolidar e reforçar os laços de cooperação com a comunidade científica internacional e com instituições de ensino superior internacionais. Os protocolos estabelecidos mais recentemente procuram, com efeito, responder à necessidade de internacionalização da instituição, nomeadamente com países como o Brasil1, a Hungria2 e a Guiné-Bissau3. Outra parceria com sentido estratégico que tem vindo a ser desenvolvida pelo IPBeja trata-se do Espaço Sul da Península Ibérica, nomeadamente com as Universidades de Huelva, Extremadura, Sevilha e Algarve.
Realização de estudos de investigação aplicada estimuladores de dinâmicas de desenvolvimento económico para a região, no âmbito de planos de estudos pós-graduados profissionalizantes realizados em parceria com instituições de ensino superior e empresas de referências nacional e internacional, na óptica do “aprender a fazer”.
III) Apostar no enriquecimento da imagem e reconhecimento internacional da marca IPBeja.
Criação de uma rede de reflexão regional em torno dos desafios e caminhos desejados para o Alentejo, envolvendo todos os agentes sociais, económicos, educativos e políticos com responsabilidades na região. O IPBeja deverá ainda constituir-se como um fórum agregador do debate no eixo Alentejo-Algarve-Extremadura-Andaluzia, através da promoção e organização de um Fórum para o Desenvolvimento, que terá a sua primeira edição em 2011.
<b>A internacionalização,
um compromisso de todos…</b>
Responder ao desafio da internacionalização, implica encetar um processo de mudança, e de compromisso de todos.
Compromisso esse que para além de assumido pela estrutura de topo tem de ser partilhado e interiorizado por todos os colaboradores e serviços da Instituição. Isto significa que todos os serviços, departamentos e indivíduos deverão ser capazes de identificar claramente qual o seu contributo real e efectivo para a internacionalização da Instituição. A internacionalização é transversal à Instituição, implica a definição de papéis e contributos concretos de todos os níveis de intervenção do instituto.
Só assim será possível concretizar a nossa missão e a das comunidades em que nos inserimos.
<b>NOTAS</b>
1. Foi concretizado em 2010 um protocolo de cooperação com a Faculdade de Natal, do qual irá emergir o Projecto Potiguar; em desenvolvimento encontra-se um protocolo com a PUC de São Paulo para a realização de Mestrado em serviço Social (2011-2012), a realizar na Escola Superior de Educação do IPBEJA, tutelado pelas duas instituições.
2. Em Abril 2010 realizou-se o Encontro de Culturas dedicado à cultura húngara e foi assinado Protocolo entre o College University de Snolzok e o Instituto. Futuramente serão desenvolvidos estudos e formação conjuntas no quadro do mesmo.
3. Em desenvolvimento um projecto de trabalho conjunto com o Governo da Guiné Bissau e a Universidade Lusófona, na área da Agricultura e Pescas, tendo já sido assinado um primeiro protocolo de trabalho.
<b>Referências</b>
Knight, J. (2006). Internationalization of Higher Education: New Directions, New Challenges – 2005 IAU Global Survey Report. IAU – International Association of Universities.
IPBEJA –SPDE (2010). Plano de Desenvolvimento para um Contrato de Confiança (2010-2013), Beja, Março.43 p.
Smith, A. (2001). O Ensino Superior no século XXI: Desafios e Potencialidades. Revista Millenium, Ano 5, nº21, pp.86-147.