Esta última quadra tem sido particularmente fértil em acontecimentos delirantes. Em particular na nossa vida política, mas de uma forma impressionante, reflectindo esta coisa nenhuma de um país de invejosos e a armar ao espertalhão. Mas este é o nosso Portugal e é o reflexo da construção mental e cultural que nos enformou desde que o Afonso Henriques andou à espadeirada contra a mãe. Este é o país que todos nós construímos todos os dias. É a Democracia, com as suas regras, queiramos ou não, a impor o caminho que todos nós temos de seguir. Deliberada (mente)… Ou não… E é assim. Escusamos de nos indignar, com o que quer que seja… Com o Salazar a ganhar o concurso dos cromos da bola; com a pancadaria do pessoal do Portas no assalto ao banco do táxi; com os diplomas da Independente e das outras que ninguém sabe sequer que cursos ministram; com os cartazes contra a imigração; com o jogo do gato e do rato da Rohde (é assim que se escreve?), indigna e escandalosamente a brincar com os seus mais de 1200 trabalhadores. Com o Serviço Nacional de Saúde a entrar pelos nossos bolsos… É fascinante, este país. O sol, o azeite, o vinho, os tremoços, as “bejecas”, os cursos de bordados, a pintura de automóveis, o papel de seda… É fascinante. Desculpem lá, mas que hei-de fazer. Eu acho. Poucos se revoltam ou indignam e, por essas e outras razões, vem ao de cima o país mesquinho, manga de alpaca, burocrata, de espírito de funcionário, que ouve sorrateiramente e, inchado, faz-se ouvir com o sovaco mal cheiroso carregado de papéis e decretos-lei. Ou então de careca suada a ditar de cor portarias, artigos, adendas, constitucionalidade, inconstitucionalidade… E é assim que se constrói este país. Assente na antropológica nacional-trauliteira trilogia do Fado, Futebol e Fátima, Graças a Deus. Mais de três décadas depois alguém se chateia com essas coisas? Nada. Ninguém. Nem os brasileiros já querem vir para cá. Só para utilizar este país, deliciosamente instalado à beira-mar, como plataforma de acesso a Espanha. (Mas nós continuamos a precisar de ir para França). Quando pensávamos que, no fundo, a consciência humanista, respeitadora e solidária que caracteriza a sociedade portuguesa, mais dia, menos dia se faria ouvir, errámos. O “sim” ao aborto não foi o que a discussão reflectia; o imbróglio Iraque continua por resolver e não temos, nem de Barroso nem de Sampaio, uma justificação clara da posição portuguesa; o “caso Casa Pia” continua por resolver… Só faltava que o Benfica ganhasse o campeonato… Quero lá saber. Boa Páscoa e muitos ovos.
PSD vai a votos em Ourique, Almodôvar e Odemira
Gonçalo Valente, Diogo Lança e Luís Freitas são os candidatos únicos à liderança das secções do PSD em Ourique, Almodôvar e Odemira, respetivamente, que vão