E depois das cercas sanitárias?

Carlos Pinto

JORNALISTA | DIRECTOR DO "CA"

Entre 30 de abril e 12 de maio, as freguesias de São Teotónio e de Longueira/Almograve, ambas no concelho de Odemira, enfrentaram uma cerca sanitária devido à elevada incidência de casos de Covid-19 no seu território, sobretudo entre a comunidade migrante que trabalha nas estufas agrícolas da região.
Durante dias, o concelho esteve “nas bocas do mundo”, com sucessivos diretos nas televisões, muitos debates e momentos de opinião sobre o tema, alguns dos quais com participantes a utilizar argumentos descabidos e reveladores de um total desconhecimento do que realmente se passava em Odemira.
Felizmente (e justamente), as cercas sanitárias foram levantadas à meia-noite de quarta-feira, 12, decisão do Governo anunciada, horas antes, de “viva voz” pelo primeiro-ministro, António Costa, numa visita a Odemira.
Mas agora que esta situação está ultrapassada, é preciso centrar atenções no verdadeiro problema espoletado pela pandemia: a falta de condições de habitação dignas para muitos dos que, provenientes de latitudes bem distantes, chegam a Portugal – e neste caso concreto a Odemira – para trabalhar num sector cada vez mais fundamental para a nossa economia.
O primeiro passo está dado, com a assinatura de memorandos de entendimento entre Câmara Municipal, Governo/Estado e empresas agrícolas. Agora, é a estes dois últimos intervenientes que se exigem as maiores responsabilidades na resolução deste problema, impondo-se celeridade e eficiência. Caso contrário, passará pouco tempo até a triste realidade atual voltar a fazer manchete na imprensa nacional.

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