Há anos que o nosso país e todos nós vivemos acima das nossas reais possibilidades, tendo, para conseguir manter esse nível e estilo de vida a que nos habituámos e nos habituaram os governantes a quem fomos pedindo e exigindo sempre mais e mais, aumentado inacreditavelmente, de ano para ano, o nosso endividamento até ao ponto de o tornarmos incomportável e insustentável.
Os pais da “geração rasca” acharam que a dita não tinha que fazer sacrifícios como eles tinham feito. Por sua vez, estes, que são os pais da “geração actualmente à rasca”, quiseram poupar os seus filhos à adversidade e proporcionar a todos sem excepção, o “estilo de vida dos ricos”, desde o carro aos telemóveis e computadores de última geração, passando pelas viagens ao estrangeiro, os almoços e jantares em restaurantes da moda, os mega-concertos, as roupas de marca, etc (sugiro que leiam um fabuloso artigo do Mia Couto sobre este tema, magistral!)
Década após década, governo após governo, geração após geração, fomos aumentando a nossa conta (a dos nossos filhos e netos) sem curarmos de saber quem, quando e como iria ser paga a factura e, sobretudo, quanto nos iriam cobrar no final e se trabalhávamos o suficiente para produzir a riqueza necessária para fazer face às dívidas.
Sempre que nos chamavam a atenção para a necessidade de mudarmos de vida e de valores referenciais, ninguém se dispunha a adoptar um modelo e estilo mais modesto, ajustado às nossas reais condições e, umas vezes uns, outras outros, indignámo-nos, reclamámos e protestámos, contra os políticos, os governos, exigindo promessas em tempos de eleições e demissões fora delas.
Sempre, mais e mais direitos e regalias (é proibido “mexer”nos direitos adquiridos, sejam eles quais forem…), nunca mais deveres e obrigações!
Quem é que se dispôs a viver com menos? Quem é que aceitou perder regalias e benefícios? Quem é que não se insurgiu e indignou quando lhe pediram sacrifícios?
Toda a gente protestou contra as sucessivas medidas de austeridade, mas, estas ou outras, temos outra alternativa que não seja reduzir a despesa, para conseguirmos atingir o principal objectivo que é diminuirmos drasticamente o déficit?
Temos outro caminho que não seja gastarmos todos menos e trabalharmos todos mais?
Não ouvi ninguém exigir que fossemos mais cumpridores dos nossos deveres e obrigações. Ninguém fala de cultura de trabalho, de aumentar a produtividade, de cumprir horários, de ser exigente e rigoroso no desempenho das suas funções, de responsabilizar quem não cumpre, enfim, de cada um de nós ser um exemplo para o outro enquanto cidadão e trabalhador.
Chegámos onde chegámos por culpa de todos nós, a situação é insustentável, e para resolver o problema acrescenta-se mais uma crise às já existentes. O Governo ficou sem condições para governar, demitiu-se! E agora?
As dificuldades e os sacrifícios para as vencer vão desaparecer ou mesmo diminuir?
A contestação social às medidas inevitáveis de austeridade vai parar ou abrandar?
Evidentemente que não, vão até aumentar e agravar-se!
Novas eleições quanto irão custar? Quanto vai custar ao país e a todos nós “suspender” o funcionamento da máquina governativa por, pelo menos, três meses? Que efeitos finais esta crise política vai ter nas condições de negociação da nossa dívida no mercado internacional? Quem vier a seguir, seja quem for, tem hipótese de fazer muito diferente, ou seja, não aplicar fortes medidas de austeridade e, simultaneamente, satisfazer as reivindicações da “geração à rasca” e dos seus pais ainda mais à rasca?

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