Dignificação da democracia

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

Jorge Serafim

contador de histórias

A dignificação da carreira política passa também, entre outras coisas, por assumir em pleno o compromisso travado com os eleitores. Como um contrato que se estabelece entre quem se propõe a desenvolver um projecto e quem o legitima através das urnas. O voto é um direito adquirido, mas honrá-lo como merece, é, infelizmente assim não acontece, sinónimo de que a democracia cresce e amadurece num desenvolvimento sustentado onde os seus cidadãos são seres activos nos seus direitos e nos seus deveres. Os rostos que dão a cara para representar as suas gentes são os maiores responsáveis pela credibilização da democracia junto dessas mesmas gentes. Não faz sentido, embora facilmente explicável pelo conjunto de interesses políticos e obscuros que rodeiam os cargos públicos, que os mandatos se tornem meio-mandatos ou um quarto de mandatos conforme a vontade do freguês. Descredibilizam a democracia todos os indivíduos que concorrem a um cargo público através do processo eleitoral, seja presidente de câmara, presidente de junta de freguesia, presidente da assembleia municipal e depois não o cumprem na totalidade porque ali ao lado a capoeira da minha vizinha é maior que a minha. Descredibilizam a democracia todos os deputados que dão a cara nas campanhas eleitorais e encolhem o rosto sem dar pena nem paixão. Campanhas, essas, não será demais realçar, pagas pelo dinheirinho que sai dos nossos bolsos. Ficando os quatro anos em meio de se cumprirem. É certo que para alguns, serviço público é coisa que não se exerça a uma sexta… Que a seguir vem o sábado e toda a gente merece sopinhas e descanso. Mas o que é imperioso entender e mais ainda nos partidos políticos, é que quem é eleito não o é para servir estratégias dos partidos que os propõem. Quem é eleito fica automaticamente mandatado para servir populações. Labutando arduamente para melhorar as suas condições de vida. Quem é eleito tem de saber que o serviço público lhe exige muito. Mas que em troca do sacrifício familiar, profissional e até social existirá a satisfação pessoal de um dever senão plenamente cumprido, pelo menos em parte atingido. Quem se candidata, que o faça entender a quem o propõe: é pelo meu partido que dou cara, mas será pelos meus cidadãos que vou até ao fim. A credibilização dos próprios actos eleitorais passa exactamente por arrancar as pessoas de casa e lhes mostrar que vale a pena exercer o direito e o dever de votar e que é para elas e por elas que a democracia existe.

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