Há horas infelizes e em que o silêncio seria a melhor opção. Que o diga o bispo de Beja, D. João Marcos, que depois de se ter “esquecido” de falar com a comissão independente que investigou os abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal admitiu, em declarações feitas à SIC na passada semana, que todos os padres acusados poderiam ser “perdoados”, por entender que “Deus perdoa a todo aquele que se arrepende e repara os danos causados pelo mal que praticou”.
Estas declarações causaram imensa polémica e levaram o bispo de Beja, dias depois, a ter de vir a público pedir “perdão”, afirmando que “não há lugar para os abusadores no sacerdócio” e reforçando que “as suspeitas verosímeis obrigam a tomar medidas que evitem todo o perigo sobre menores, incluindo o afastamento das tarefas pastorais”.
É certo que o “recuo” de D. João Marcos minimiza um pouco a polémica pelo próprio criado. Mas a sua postura ilustra na perfeição a forma como alguns setores da Igreja Católica em Portugal, nomeadamente os mais conservadores, estão a reagir às revelações feitas pela comissão independente: desvalorizando o relatório e/ou arranjando argumentos “legalistas/canónicos” para evitar enfrentar o problema de frente.
A certeza que temos é que sem uma mudança de atitude, dificilmente a Igreja Católica sairá incólume deste processo. E só punindo os abusadores será possível encontrar paz e confortar as vítimas.
2. E se há horas infelizes em que o silêncio seria a melhor opção, as recentes declarações de Manuela Ferreira Leite sobre o Alentejo são um bom exemplo. Dizer que a região é “muito bonita, extremamente atrativa, ótima para se descansar, para se apanhar sol e para comer bons petiscos, mas morta e sem vida” é lamentável e até ofensivo. Sobretudo para quem, no seio do PSD, tanto luta por este território.