Cultura Andarilha

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

Jorge Serafim

contador de histórias

A IX Nona Edição das Palavras Andarilhas – Encontro de Aprendizes do Contar vem confirmar o amadurecimento de um evento que teima em marcar posição nesta cidade e projecção da mesma fora de portas. E digo teima, porque nesta cidade tudo é arrancado a ferros. Desde o apoio das instituições locais, e não só, até à adesão dos cidadãos o caminho que se vai percorrendo quase que é feito a pé descalço. É assim… Quem faz a cama que se deite nela. Felizmente existem os que não desistem e as Palavras Andarilhas habituaram-se a isto mesmo, a subir degraus. Passo a passo, tem vindo a alicerçar o evento em dois aspectos fundamentais: numa equipa que apesar de reduzida dá tudo o que tem e o que não tem para levantar um projecto desta envergadura. O outro aspecto a salientar é o facto de ser bastante rigorosa na qualidade da programação escolhida para o evento. Só assim o número de inscritos no evento não pára de aumentar de ano a ano. De norte a sul do país, incluindo as ilhas, passando por uma projecção internacional cada vez mais sólida, a referência de um encontro que aborde as problemáticas da leitura e suas formas de promoção, está em Beja, quer se goste quer não.
A propósito do Cine-teatro Pax Julia se encontrar encerrado ao público durante grande parte do período do Verão, facto que tem criado alguma celeuma, vale a pena considerar que o problema de fundo não é o facto deste equipamento estar fechado, a questão mais pertinente a resolver está em praticar estratégias que compensem esta ausência. As condições climatéricas são propícias a uma prática de rua. Beja usufrui de espaços públicos bonitos, singelos, harmoniosos que podem e devem ser explorados. A Cultura vai à rua! E tem que ir obrigatoriamente para os locais onde os seus cidadãos circulam e para outros que conduzam os seus habitantes à redescoberta da sua própria cidade. O Jardim Público, o Parque da Cidade, as Portas de Mértola, os bairros periféricos, o centro histórico, tudo locais que merecem uma nova alma sempre que as condições climatéricas o permitirem. E esta responsabilidade de programação e adesão cabe a todos nós. Se é que queremos mudar alguma coisa. Câmara Municipal de Beja, Instituto Português da Juventude, Região de Turismo Planície Dourada, Inatel, aos agentes culturais locais e aos cidadãos. Sem a presença destes é que nada funciona.
Por estes lados temos um defeito que é quase genético, fabricamos motivos para não ir e não os construímos para partir…

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