Celebramos este ano o centenário da implantação da República. A Nação comemorou um dos marcos históricos mais marcantes da nossa memória colectiva e procurou enaltecer os princípios que guindaram os fundadores da República: a luta por um País livre, democrático com melhor educação, mais e melhor saúde, melhor justiça e menos dependente da Igreja.
Não tenho dúvida que a maioria dos republicanos era sincera nos seus propósitos.
Achavam que Portugal estava atrasado em relação a outros países de Europa porque tinha um rei e uma grande dependência da Igreja Católica em todos os sectores da sociedade.
Quer o período que antecedeu a República quer o que se seguiu foram de grande vivência política, de grande liberdade, de discussão profunda dos ideais, mas também existiram tentativas de impedir a verdadeira liberdade de expressão.
Ao analisarmos a 1ª República deparamo-nos com uma contradição enorme; os republicanos tinham ideias avançadas, pretendiam criar um Portugal mais democrático, culto e justo, mas na prática foram um autêntico desastre na aplicação de medidas concretas para atingirem esses objectivos.
A 1ª República falhou no alargamento do sufrágio universal, mantendo as regras de sufrágio do período monárquico e em alguns casos ainda as tornou mais restritivas.
Embora fosse importante a laicização do Estado, os novos dirigentes republicanos não abordaram de forma ponderada e sensata o relacionamento com a Santa Sé, sendo um dos exemplos mais negativos a apropriação da actividade da Igreja.
Também não foram obtidos grandes resultados ao nível da educação: em 1926 apenas 30% das crianças frequentavam o ensino primário.
Por último, através do partido Democrático, partido hegemónico da altura, foi imposta a nossa participação na I Guerra Mundial, onde perderam a vida milhares de jovens e as finanças e a débil economia portuguesa ficaram completamente arrasadas.
Todo este conjunto de situações e outras que é impossível detalhar nesta breve crónica, levam a que o golpe militar de Maio de 1928 acontecesse, praticamente, sem resistência e que se instalasse uma ditadura, que haveria de durar quarenta e oito anos.
Ao debruçar-me sobre a história do século XX, não tenho dúvidas em afirmar que o acontecimento mais importante para o progresso e bem-estar do povo português foi o 25 de Abril de 1974.
Aprendemos com a história.
Cometemos muitos erros nestes trinta e seis anos da nossa jovem democracia. Estamos longe das metas de um Portugal moderno, justo e solidário. Mas, mesmo assim, o avanço é importante e assinalável.
Temos de continuar a aprender com o passado.
Se encontro grande utilidade nas comemorações da implantação da 1ª República é precisamente para relembrando o passado podermos corrigir os erros do presente e assim perspectivar um futuro melhor.
Queremos que o País se modernize e que caminhe para uma sociedade mais justa, onde a riqueza produzida tenha uma distribuição mais equitativa.
Desejamos um Portugal onde haja uma efectiva igualdade de oportunidades e um desenvolvimento equilibrado do território.
Infelizmente, nos dias conturbados em que vivemos, pairam nuvens de incerteza e de desânimo, em alguns aspectos semelhantes às vividas no final da 1ª República e que possibilitaram a ascensão ao poder do Estado Novo.
Volvidas várias décadas, e com as particularidades históricas do momento, Portugal assiste a uma nova crise de regime de consequências imprevisíveis.
A situação actual, também com grande desgaste das instituições democráticas e dos políticos em geral, caracterizada por uma enorme descrença e insegurança generalizada é, em tudo, equiparável à dos anos 20 do século passado.
A história da humanidade tem-nos demonstrado que nada é eterno. Nessa medida e contextualizando a questão na prática política democrática e no reforço do nosso sistema político actual, urge que os eleitos da nação saibam encontrar os caminhos necessários para devolver a esperança aos portugueses.
Em conclusão, a melhor forma de comemorar a implantação da 1ª República é exigirmos aos partidos políticos, componente fundamental do nosso regime democrático e aos seus dirigentes uma postura de maturidade cívica que conduza a uma solução duradoira dos problemas que o País atravessa, aprofundando desta forma os ideais republicanos.
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