Nos meus 40 anos de intervenção política, iniciada nos finais dos anos 60 do passado Século XX, em regime de Ditadura de Salazar/Caetano, tive a honra e privilégio de conhecer e partilhar relações com homens e mulheres de grande envergadura na vida da cidadania activa e, por isso, na acção política. Só os jornalistas verticais se assemelhavam aos corajosos políticos.
Também eu, não criado familiarmente para “ser político”, despertei para a política por via das minhas opções filosóficas/religiosas e da defesa das necessidades e ambições dos colectivos em que me fui integrando (da escola, ao bairro). A política apareceu como o patamar superior para exercer a minha cidadania, num tempo em que o regime diabolizava a política, porque os “seus políticos” eram, apenas, “patriotas”.
Com o advento e normalização da democracia, as coisas mudaram para que a política fosse uma livre opção e se equacionasse como carreira profissional. Mudanças positivas, mas que abriram “uma janela de oportunidade” para arrivistas ambiciosos que almejavam as benesses do exercício do poder. Duma forma ou doutra e com dimensões diferenciadas, os partidos foram vistos como instituições trampolim para carreiras no Estado e/ou grupos económicos. Os políticos, na sua maioria, deixaram de surgir por via duma larga intervenção cívica em movimentos sociais e passaram a ser vistos como candidatos a altos e bem remunerados cargos públicos ou empresariais.
Estamos, assim e de facto, perante um enorme divórcio entre as populações e seus cidadãos intervenientes com os políticos. A maioria associa “militância partidária” a um passo e caminho para, facilmente, “subir na vida”. Os partidos têm vindo a ser isolados ou excluídos da sociedade civil organizada e vêm perdendo referências claras no domínio das Ideologias e doutrinas de sistemas económico-sociais-institucionais alternativos. A política é largamente identificada, apenas, como um instrumento para o exercício de poderes.
Esta perigosa realidade para a democracia e coesão social e territorial, tem que, profunda e radicalmente, ser alterada e superada, certamente passo a passo e de forma persistente. A isto eu chamo civilizar a política.
E civilizar remete-nos para dois níveis e orientações.
1ª – Reposicionar a política e os partidos como espaços e modos de dar visão civilizacional, logo humanista, para as vidas das pessoas nas suas comunidades e actividades profissionais, criando e defendendo modelos e estratégias que nos aproximem de mais felicidade.
2ª – Considerar e fomentar os partidos políticos como integrantes da sociedade civil organizada, que se distinguem por assentarem em opções ideológicas e programáticas para o interesse geral das comunidades e territórios a que se dirigem.
Estes os desafios para que a política volte a ser vivida e vista como uma nobre intervenção em prol das sociedades e do aprofundamento democrático, em todas as suas dimensões. Esta uma via que pode e deve ser prosseguida pelos actores políticos do presente.
Assumir e promover esta via, ou negá-la e secundarizar, será um traço distintivo entre os políticos e, particularmente, entre as lideranças dos diversos partidos políticos.
Civilizar a política, exige-se!

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