É bom viver na Cabeça Gorda

Quinta-feira, 17 Setembro, 2020

António Revez

Vivi toda a minha adolescência na Cabeça Gorda. Quando regressei de Coimbra continuei a viver mais uns anos lá, na casa de meus pais. Faz agora um ano que vivo novamente na aldeia que me proporcionou as mais vibrantes e autênticas memórias de juventude: das amizades, do convívio, das alegrias, das despreocupações, das iniciáticas lutas políticas, dos sonhos em contribuir para melhorar as coisas, e da vontade, às vezes injusta e precipitada, de criticar, dizer o que está mal, de dizer o que pode estar melhor.
Por isso mesmo, já adulto, vivendo ainda na casa dos meus pais, fiz parte da lista da CDU que concorreu à Junta de Freguesia e pertenci à Assembleia de Freguesia. Tive nesse tempo como camarada da oposição aquele que já era meu amigo: Álvaro Nobre. Juntos pugnámos pelo bem da terra e por livrá-la do marasmo a que muitos anos de “governação” socialista a tinham votado. Essa estagnação, apesar do nosso combate e do de outros camaradas nossos, continuou por outros mandados que se seguiram, certamente por incapacidade da oposição, certamente também porque o poder instalado tinha o talento rasteiro de pôr em prática alguns truques que lhe permitiam a manutenção à frente dos destinos da autarquia.
Chegaram as últimas eleições autárquicas e eu, apesar de militante do Bloco de Esquerda, votei no comunista Álvaro Nobre, sem o mínimo de hesitação. E é o que farei novamente caso ele se recandidate. E ele sabe, sabe bem, que se não avaliasse positivamente a sua obra, dizia-lhe exactamente isso, a ele e aqui, ou onde houvesse oportunidade e se justificasse. Nunca fiz favores de consciência política a ninguém, nem cedências de opinião e juízo político por razão de qualquer tipo de favor. Favores que nunca obtive da política, rigorosamente nenhuns. Apenas tenho dito o que penso, no meu estilo, à minha maneira, com os argumentos de que sou capaz. Mesmo que isso me traga tantos inimigos exaltados, mesmo que isso alimente distorções de imagem, mesmo que isso me transforme numa caricatura, mesmo que isso me roube supostos “amigos”, ou me plante armadilhas onde já caí e, com as minhas forças e apoio dos que me conhecem verdadeiramente, me levantei e continuei caminho.
É verdade que são muitas mais as vezes que digo “mal”, ou “muito mal”, do que as raras vezes em que digo “bem”. É verdade, pois. Mas deverá tal ser-me imputado, ou sobretudo àqueles que são maus políticos, ou injustos nas suas medidas e decisões, ou negligentes nas suas acções, ou falsos e escorregadios?
Mas agora não é dizer “bem” por dizer “bem” que se trata, coisa que também não faço, para desilusão dos que esperam dos outros o lambe-botismo ou as palmadinhas nas costas. Quero dizer “bem” de Álvaro Nobre e da sua equipa no executivo da Junta porque se exige, porque vivo aqui e sei o que se passa, e porque o seu trabalho merece consideração e referência públicas. Não me cabe a mim, e porque não disponho de todos os dados disponíveis, fazer um balanço exaustivo do trabalho já realizado pela equipa autarca dirigente, tanto mais que o mandado ainda não chegou ao fim. Mas há obra feita e a fazer-se à vista de todos, e que representa um salto qualitativo incomparável face ao que a gestão PS “não fez” nos mandados que precederam o actual. Oportunidades, espaços e organização do lazer e convívio para os mais idosos, revitalização e dinamização cultural da freguesia, apoio declarado e efectivo ao associativismo local, capacidade de diálogo e entendimento com a população, disponibilidade para ouvir as sugestões e críticas, melhoramento das vias públicas, embelezamento de espaços públicos, o esforço de atracção de novos empreendimentos económicos que dimensionariam a freguesia, e obras de grande significado e importância para a aldeia, como o piso de relva sintética para o campo de jogos do “Ferrobico” e, mais decisivo ainda, a construção de um polidesportivo que proporcionará a prática de cinco modalidades (andebol, ténis, voleibol, basquetebol, e futsal), são factos consumados e em vias de concretização. Pode-se sempre pedir e exigir mais, e eu faço-o, sempre. Mas conheço as limitações e constrangimentos com que se deparam as freguesias rurais do Alentejo. E porque conheço também a capacidade de Álvaro Nobre e dos que o acompanham na Junta, tenho a certeza que só não farão mais e melhor por motivos que não dependerão seguramente da sua vontade e empenho, pois sei que a sua dedicação à Cabeça Gorda é inquestionável e visível dia após dia.
Sinto-me feliz por viver na Cabeça Gorda. É uma linda aldeia onde dá gosto viver, e isso também se deve à entrega diária dos que governam a Junta de Freguesia, aos seus funcionários e colaboradores, e aos seus habitantes, que têm aderido entusiasticamente às iniciativas e realizações da Junta.

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