Aproxima-se o dia em que iremos eleger as pessoas em quem delegamos a governação do nosso país. É um momento importante que deve ser encarado com muita responsabilidade por todos e cada um de nós. Como bem sabemos, a crise que estamos a viver não é somente económico-financeira. É principalmente uma crise de valores, a que a classe político-partidária não está imune. Os novos estilos de vida e de mudança de mentalidades essenciais para ultrapassar a crise devem ser também direccionados para a classe político-partidária. Assim a nossa democracia o reclama. É necessário um novo estilo de governação em que os cidadãos possam realmente participar activamente nas opções políticas. Não basta o momento do voto. É necessário que os eleitos cumpram aquilo que apregoaram. É necessário que os eleitos conheçam e se preocupem com as reais necessidades dos cidadãos e tenham uma acção com vista ao bem comum. Um documento do Concílio Vaticano II refere que “a comunidade política existe precisamente em vista do bem comum; nele ela encontra a sua completa justificação e significado e dele deriva o seu direito natural e próprio” (GS 74). Uma concepção exacta do bem comum compreende o conjunto das condições sociais que permitem e favorecem nas pessoas o desenvolvimento integral da personalidade. O desenvolvimento não se reduz a um simples crescimento económico. Para ser um autêntico desenvolvimento, deve ser integral. Tudo deve ser ordenado em função da pessoa, como seu centro e sua finalidade. Infelizmente nos dias de hoje, tudo está ordenado em função do sistema financeiro e a pessoa é colocada numa posição secundária. A crise financeira, o aumento do desemprego provocando uma crise social está a levar a uma explosão de descontentamento. Se até há pouco tempo as pessoas descontentes esperavam pacificamente pelo próximo acto eleitoral, actualmente a situação está a modificar-se. Realmente, as novas tecnologias vieram alterar de uma forma inesperada o panorama. Através das redes sociais é possível em pouco tempo organizar uma manifestação envolvendo um número significativo de pessoas. Assim o podemos constatar nos últimos dias na nossa vizinha Espanha. Tudo nos leva a crer que estamos a assistir a um novo capítulo da nossa história. O mundo está em mudança. Coloca-se a questão: qual irá ser o rumo? Iremos ter uma sociedade mais participativa ou pelo contrário, em troca de um maior equilíbrio social, iremos ter de abdicar de liberdades consagradas? Em todo o caso, uma coisa é certa: qualquer que seja a mudança, ela dá-se com o contributo de cada um de nós. Pelo que se queremos mudar o mundo, deveremos em primeiro lugar começar por nós próprios, tornando-nos verdadeiramente cidadãos activos.

Trabalhadores da Resialentejo avançam com greve de 48 horas
Os trabalhadores da Resialentejo, empresa intermunicipal que gere o sistema de tratamento de resíduos em oito concelhos, vão realizar uma greve de 48 horas, a