Nunca, como agora, fez tanto sentido e foi tão oportuno afirmar esta vocação da cidade de Beja! Como toda a gente sabe e reconhece, durante demasiados anos Beja teve dificuldade em definir uma vocação que a identificasse, diferenciasse e mobilizasse.
Há quatro anos atrás um grupo alargado de pessoas, não interessa agora quem, pegou nesta ideia de Beja capital do Baixo Alentejo e desenhou um projeto e uma estratégia de desenvolvimento de médio/longo prazo, tendo por base este conceito e esta vocação.
Os projetos estruturantes com esse objetivo foram lançados e os resultados começaram a surgir, nomeadamente nas áreas da agricultura e agro-indústrias, no turismo, no comércio, nos serviços, na economia social, na requalificação urbana, na investigação e desenvolvimento, nas indústrias criativas, nas novas tecnologias, no ambiente, na energia e na água. Este processo foi acompanhado de um trabalho, difícil, complexo e demorado de capacitação, organização e inovação institucional, reforçando parcerias e intensificando a participação pública.
Simultaneamente, a nível inter e supramunicipal, fez-se um esforço enorme, através da intervenção da Ambaal e da Cimbal, para, ultrapassando as visões bairristas de cada concelho do distrito, definir uma estratégia comum e alinhar objetivos e prioridades regionais num Pacto para o Desenvolvimento, assente no novo Plano Integrado de Desenvolvimento do Baixo Alentejo.
Lamentavelmente, os umbigos de alguns autarcas e as imposições político partidárias do PCP aos seus eleitos para boicotarem este projeto de liderança catalisadora de Beja no distrito, deitaram por terra este processo e diminuíram a capacidade da região se fazer ouvir e de afirmar as suas potencialidades económicas. Até um Plano de Transportes Regionais, com financiamento comunitário assegurado e que constituía uma peça fundamental e um fator estruturante do desenvolvimento deste território, foi inviabilizado.
Independentemente de tudo o que acima se refere, Beja tem conseguido, progressivamente, apesar dos obstáculos, transformar-se num pólo dinamizador e impulsionador do Baixo Alentejo, sobretudo em termos da atividade agrícola, agro-industrial e investigação para o desenvolvimento.
Mas para que o mesmo se verifique nas outras áreas como, nomeadamente, o turismo, a indústria, os serviços, o comércio e a economia social é preciso que Beja não abandone a referida vocação e respetiva estratégia de afirmação, conseguindo retomar a liderança do processo.
As condições políticas atuais, com a presidência da Cimbal com o apoio de uma maioria partidária, nunca foram tão favoráveis para o efeito.
Em minha opinião não existe outro caminho alternativo para Beja e para o desenvolvimento do Baixo Alentejo.
Beja tem que continuar no caminho traçado de se transformar num polo impulsionador, dinamizador e catalisador do desenvolvimento e afirmação do Baixo Alentejo em termos nacionais e internacionais.
O movimento político autárquico “Bejacapital” poderá, hoje, já não fazer sentido existir, mas abandonar esse conceito e vocação para estruturar o projeto de desenvolvimento da cidade, do concelho e da região será um erro estratégico irremediável. Sobretudo, se não houver outra ideia forte em alternativa.
Veremos se quem, atualmente, preside aos destinos da autarquia de Beja e simultaneamente da Cimbal, terá a lucidez para perceber que a anterior estratégia de desenvolvimento, embora com eventuais ajustamentos, deve ter continuidade no médio prazo, para que possa resultar plenamente ou a capacidade de nos surpreender como uma nova vocação e um novo e diferente projeto de desenvolvimento.
* Não confundir com Bejacapital, movimento político autárquico
(escrito segundo o novo acordo ortográfico)